Ana Paula dos Santos Reinaldo Verde

EDUCAÇÃO ÉTNICO RACIAL: EXPERIÊNCIA FORMATIVA A PARTIR DA PESQUISA EM TERREIRO

 

Introdução

 

O presente artigo consiste numa experiência formativa sobre a influência das religiões de matrizes africanas na formação de crianças e adolescentes, que convivem em espaço de terreiro visando compreender como ocorre sua relação e sua visibilidade no espaço escolar e comunitário.

 

Com o propósito de compreender como ocorre o processo educativo e formativo de crianças e adolescentes que participam de religiões de matriz africana, e, sobretudo entender como ocorre a inserção desses sujeitos no espaço escolar, visitamos o terreiro de umbanda Aldeia Guerreiros de Fé Luz Acima, que tem como fundamento o Candomblé e Mina, e é localizado no bairro Mirititiua, em São José de Ribamar, tendo como fundadora a mãe de Santo Irmã Paulinha de Oxóssi, que possui duas filhas que frequentam escolas de nível fundamental e médio na cidade de São José de Ribamar (MA) e São Luís (MA), partindo dos seguintes questionamentos: Como ocorre a formação educativa e religiosa da criança e da adolescente pertencente a esta matriz religiosa? Com é vista frente à comunidade e ao espaço escolar?

 

A metodologia adotada foi a pesquisa qualitativa com a utilização de observação não participante e entrevistas, e para sua correta aplicação, utilizamos todas as ferramentas a ela pertinentes, que são anotações e documentação fotográfica, além da análise e comparação com a bibliografia supracitada.

 

A iniciativa dessa pesquisa que resultou nesse relatório partiu da Disciplina Religiosidades de Matriz Africana e Indígenas, a partir do curso de extensão coordenado pelo NURUNI (Núcleo de Extensão e Pesquisa com Comunidades Rurais, Negras Quilombolas e Indígenas).

 

Entendemos que a escola não é o único local de construção de saberes e que o território terreiro contribui para a construção de saberes, sociais e culturais que são essenciais para a construção da identidade dos sujeitos escolares.

Para fins desta pesquisa utilizamos como metodologia à pesquisa qualitativa com a utilização de observação não participante e entrevistas semi- estruturadas.

 

Concluímos que a educação que acontece em espaços informais como num terreiro de umbanda contribui para a formação e construção da identidade e cidadania de sujeitos escolares.

 

Educação para as relações étnico-raciais

 

A educação para as relações étnico-raciais nas escolas estaduais do Estado do Maranhão e de ensino fundamental do município de São José de Ribamar (MA) estão presentes em todos os níveis e modalidades de ensino. No entanto, o que ainda é visível é ausência da discussão sobre o tema Religiosidade de matriz africana, contribuindo para o preconceito velado com relação à mesma, em que vários segmentos da sociedade e que compõe o espaço escolar ainda desenvolvem atitudes de intolerância e preconceito, resultando no discurso da hegemonia das religiões judaico-cristã, produzindo uma invisibilidade da mesma no espaço escolar e sendo reforçados com a indiferença de alguns educadores, diante da presença de crianças e jovens, que vivem nesse contexto religioso e que muitas vezes se sentem intimidados em falar o nome da religião a que pertencem.

 

Brasil (2003), através da Lei n. 10.639/03 pode configurar-se como um instrumento de luta para o questionamento da ordem vigente, na medida em que coloca em xeque construções ideológicas referentes à religião, fundadoras da sociedade brasileira. A referida Lei visa o reconhecimento por iguais direitos sociais, civis, religiosos, culturais e econômicos e valorização da diversidade através da mudança nos discursos, raciocínios, lógicas, gestos, posturas, modos de tratar as pessoas negras, respeitando-as em todos os aspectos, tantos físicos, quanto religiosos, evitando apelidos, brincadeiras, piadas em busca do conhecimento da sua história e, com isso, desconstruir o mito da democracia racial na sociedade brasileira.

 

É importante olhar para dentro da escola e do currículo e ver que histórias estão sendo produzidas aí e como se constroem os sentidos de pertencimento e exclusão, bem como as fronteiras raciais e étnicas entre os diferentes grupos sociais que ali interagem e estão representados. Assim sendo, consideramos a educação como um processo amplo que é consolidado nos diferentes espaços sociais, do momento que nasce até quando morre, possibilitando diversas aprendizagens e formas de desenvolvimento humano.

 

Entendemos que compreender os processos da educação e sua relação ou influência no campo religioso não constitui tarefa fácil, haja vista a complexidade que sustenta esses campos, tornando-se necessário o conhecer e o analisar sobre as referidas categorias para só então perceber como esses campos se inter-relacionam e se completam.

 

Denomina-se cultura afro-brasileira o conjunto de manifestações culturais do Brasil que sofreram algum grau de influência da cultura africana desde os tempos do Brasil Colônia até a atualidade. A cultura da África chegou ao Brasil, em sua maior parte, trazida pelos escravos negros na época do tráfico transatlântico de escravos. No Brasil a cultura africana sofreu também a influência das culturas européia, principalmente portuguesa, e indígena, de forma que características de origem africana na cultura brasileira encontram-se em geral mescladas a outras referências culturais.

 

Temos como exemplo dessas influências culturais africana no Brasil, traços fortes da cultura africana podem ser encontrados hoje em variados aspectos da cultura brasileira, como a música popular, a religião, a culinária, o folclore e as festividades populares o Tambor de Mina é um exemplo que de uma manifestação cultural e religiosa mais marcante no estado do Maranhão, o nome "Tambor de Mina" foi dado pelo uso do instrumento de percussão ser diferenciado dos demais e por ter sido inventado em Mina na África.

 

De acordo com Ferreti (2009), a dança do Tambor de Mina foi concebida nos cultos e rituais de umbanda, candomblé e xangô. De maneira geral, tanto na época colonial como durante o século XIX a matriz cultural de origem européia foi a mais valorizada no Brasil, enquanto que as manifestações culturais afro-brasileiras foram muitas vezes desprezadas, desestimuladas e até proibidas.

 

Jansen (2001) observa que os escravos africanos, ao chegarem ao Brasil, eram impedidos de praticar suas várias religiões nativas. A Igreja Católica Romana, que exercia estrema influência política e por vezes se confundia com o próprio Estado, determinou que todos os escravos fossem batizados e os obrigava a participar da missa e seguir os sacramentos. Mas, ludibriando as instituições escravagistas e a Igreja Católica Romana, os escravos se comunicavam, transmitiam e desenvolviam sua cultura e tradições religiosas.

 

No Maranhão, especificamente, em São José de Ribamar, há uma diversidade de terreiros, muitas deles funcionam precariamente principalmente por dificuldades financeiras. Acredita-se que existe mais de 200 (duzentos) terreiros espalhados em São Jose de Ribamar, segundo mãe de Santo Irmã Paulinha de Oxóssi, definindo-se como Mina, Umbanda.

 

É nesse espaço religioso e sagrado, que por muito tempo, e até hoje, é visto como profano, o término da perseguição e da proibição dessas religiões por órgãos oficiais é relativamente recente, se levada em consideração o fim oficial da escravidão no Brasil. Mas atualmente, devido as suas características peculiares continuam a sofrer preconceitos, de outras religiões, talvez o mesmo preconceito dedicado a raça negra, independentemente de culto, crença ou religião, que acontece a formação educativa e religiosa de crianças e adolescentes pertencentes a esta vertente religiosa, segundo mãe de Santo Irmã Paulinha de Oxóssi, esses ensinamentos ocorrem desde o nascimento da criança, com o batismo e posterior os ritos de passagem.

 

Contrário da escola formal, onde se ensina e se aprende por etapas, no espaço de terreiro ocorre a educação ocorre a todo  momento, desde o nascimento do sujeito (criança), não sendo algo formalizado, mas não menos importante,  através das reuniões há o diálogo desta religião em seu modo de construir sua visão de homem e de mundo, as saudações as entidades espirituais, o respeito aos mais velhos e para todos os sujeitos envolvidos sendo racional e irracional, como no caso de plantas e animais e, a humildade para com os outros, além das divisões de tarefas, dando um sentido de obrigações e rotinas cotidianas.

 

Em vista disso, é pertinente a pergunta levantada pelo historiador Burke (1992, p. 21): “E o que é educação? Apenas o treinamento transmitido em algumas instituições oficiais como escolas ou universidades? As pessoas comuns são ignorantes ou simplesmente têm uma educação diferente, uma cultura diferente das elites?”.

 

Fonseca (2006) aponta que a educação no terreiro se expressa por meio da explicação mítica da realidade, da linguagem metafórica, do valor da palavra e das tradições, pelo respeito aos mais velhos e ancestrais, pela importância da mãe, pelos cânticos como conhecimento, entre outros.

 

Neto (2008), ao focalizar em sua dissertação de mestrado um terreiro do Tambor de Mina como um espaço eminentemente educativo, aponta a educação como uma atualização dessa tradição, fundamental para a sobrevivência da religião e da cultura, na medida em que contribui para a construção de identidades uma vez que orienta as ações dos sujeitos possibilitando-lhes referências para com o agir, refletir e sentir.

 

A educação constitui um dos principais processos de transformação e constituição de um povo, acontecendo em espaços formais e informais, e é papel da escola e da sociedade como um todo, de forma democrática e comprometida com a promoção do ser humano na sua integralidade estimular a formação de valores, hábitos e comportamentos que respeitem as diferenças e as características próprias de grupos e minorias. Ampliando, por meio da educação o conceito de cidadania onde a sociedade como um todo, seja inclusivamente participante.

O campo de pesquisa

 

A entrevista é um dos instrumentos bastante pertinente em uma pesquisa de cunho qualitativo. Conforme Lapassade (2005, p. 79), “a entrevista põe face a face duas pessoas cujos papéis são definidos e distintos: o que conduz a entrevista, o que é convidado para responder, falar de si”. Quando apresentamos as perguntas específicas do objeto em estudo, buscamos sempre utilizar da melhor forma possível o envolvimento entre a religião de umbanda com o viés educativo o possibilitou a nossa análise.

 

A necessidade de colher informações acerca da relação entre a educação e a religião de matriz africana, de como aquele espaço religioso poderia contribuir para uma educação informal e como as crianças e adolescentes que convivem nesse espaço são recebidas e acolhidas na escola e como os mesmos entendiam a importância dessa religião na construção da cidadania e da educação.

 

Os sujeitos da entrevista Mãe de Santo – Francisca de Paula Gomes de Sousa,36 anos foi iniciada por Julia Baldez. Criança – Angelita de Xangô, 10 anos, faz o 6º ano na Escola São José dos Índios, em São Jose de Ribamar  Adolescente – Jú de Xangô, 17 anos, faz o 1º ano do ensino médio no Centro Bacelar Portela, em São Luis –MA, no bairro do Caratatiua.

 

Optamos por enumerar as perguntas de 01 a 03 e utilizar de forma relacional e seguidamente cada sujeito com as suas respectivas respostas:

 

Pergunta 1 – Participação e envolvimento com o terreiro

 

Com que idade começou a participar da religião e o que a mesma significa para você?

 

Criança e adolescente – Responderam segundo sua mãe Irmã Paulinha, desde o momento que nasceram, com o batismo, ambas declararam que se sentem muito felizes no terreiro, e é algo muito importe para suas vidas.

 

Criança- Coloca que a parte que mais gosta no terreiro é das festas e danças, para ela é muito lindo.

 

Adolescente- enfatiza que o interesse em ficar com a mente ocupada e cumprir com as obrigações e cuidar dos santos, evita o envolvimento com drogas. Nunca teve interesse por outra religião.

 

Pergunta 2 - O que pensa a comunidade onde mora sobre sua participação na religião umbanda?

 

Criança e adolescente – Responderam que a comunidade respeita, não trata com diferença e que tem amigos na comunidade.

 

Pergunta 3 - Relação com a escola e a sua religião

 

O que pensa as pessoas envolvidas no espaço escolar sobre sua participação na religião umbanda?

 

Criança - A professora ficou assustada ao saber que fazia parte da religião umbanda, durante uma atividade de sondagem sobre religião, e que não comentou nada sobre esse assunto com os alunos da turma.

 

Com relação aos colegas de turma, disse que quando vai de turbante os mesmos ficam perguntando se ela está doente, com câncer, mas segundo ela, a mesma vai explicar o que é a religião. Às vezes, os colegas a chamam de macumbeira, mas ela ignora, achando melhor não considerar para “não falar besteira”.

 

Adolescente - Coloca que todos os colegas e professores sabem que participa desta religião, e que a mesma já foi abordada na aula de História, no tema escravidão. Gostaria que houvesse mais projetos sobre a sua religião, pois percebe que os professores sabem pouco sobre o assunto e ficam confusos sobre determinados temas que envolvem sua religião.

 

Podemos perceber através da leitura curta que fizemos naquele espaço educativo informal, o terreiro de Mina, que ali não se faz presente uma educação normativa mais uma educação relacional diferenciada e cotidiana, através da imitação, quando as crianças ao seguir os adultos, adquirem habilidades motoras, como nas danças, e os valores necessários a convivência social, através da transmissão do saber, através de relatos orais, dos mitos e histórias sagradas, que envolvem animais e plantas, os rituais, etc.

 

Todo espaço de convívio transborda saber, pode-se aprender tanto numa escola formal de ensino, como também num terreiro, nos espaços que o mesmo comporta, num barracão, dentre tantos outros lugares, o que contribui para a construção de sua identidade e cidadania.

 

Percebemos no corpus das respostas dos entrevistados que não há por parte dos mesmos uma consciência do preconceito e da discriminação dos quais são vitimados pela sociedade, embora, existam leis de proteção e punição aos indivíduos que utilizam essas formas de tratamento aos integrantes das matrizes africanas de qualquer tipo e ou modalidade de práticas. Para além disso, estas práticas passam de geração a geração, de pais para filhos e outras derivações parentais sem restrições, embora a sociedade civil algumas vezes apresente rejeição a tais práticas religiosas.

 

No que diz respeito às autoridades constituídas e aos contextos escolares e acadêmicos, vemos uma postura de tolerância religiosa, respeito e aceitação, inclusive com vieses de conscientização que extrapola estes ambientes, chegando a comunidade com objetivos de orientar e educar para a inclusão de expressões culturais que tem como origem nossas raízes africanas.

 

Conforme sinaliza Vasconcellos (2000, p.35) quando ressalta que: A classe dominante, para a manutenção do status quo, precisa contar com um certo consenso junto as classes dominadas [...] para isto, lança mão da inculcação ideológica. Este processo visa que cada um se conforme com seu lugar na sociedade, pelo “reconhecimento” de sua desvalia de sua incompetência (com justificativas “científicas”, inclusive). Esse cooptação ideológico é terrível, pois interioriza-se no sujeito, sem que ele dê conta e, dessa forma, acaba levando a que apóie e colabore com o seu dominador.

 

O pensamento do autor nos faz refletir sobre o complexo de inferioridade, a baixa autoestima que os negros que ainda não tiveram oportunidade de romper com esse estigma vivem, enclausurando-se nas condições de conformidade.

 

Considerações finais

 

Percebemos uma carência muito grande de informação e formações pedagógicas dos professores, além da ausência de um comprometimento de todos os profissionais da escola no trato das questões étnico raciais, que acarreta invisibilidade identitária de alunos (as) e professores (as), dado que contribui para a baixa autoestima dos mesmos.

 

Embora os profissionais da educação conheçam a base legal que legitima essas práticas religiosas, não é comum a compreensão das mesmas e sua reflexão junto aos seus alunos, bem como a inclusão desse conhecimento no currículo escolar. Percebemos, também, que a escola precisa se aproximar dos familiares dos alunos para compreender a religião e cultura da comunidade escolar e construir uma proposta inovadora que contemple a construção da identidade étnico racial e a promoção da autoestima dos (as) alunos (as), professores (as) implicados na escola.

 

Sendo a escola um território de desigualdades sejam elas econômicas, sociais e religiosas, deverá saber lidar com essas diferenças, para ser capaz de contribuir para uma sociedade mais justa e igualitária, pois, conforme Munanga (2012) em solo brasileiro a religiosidade de origem africana adaptou-se à realidade do regime escravocrata e cristão-católico. Contudo, mesmo sob grande privação, a força milenar da fé desse povo (re) nasceu das cinzas nas senzalas das fazendas e nos quilombos, formando uma vasta gama de denominações religiosas afro-brasileiras.

 

Referências biográficas

 

Ana Paula dos Santos Reinaldo Verde é Professora da Educação Básica no Maranhão. Possui graduação em História e Pedagogia pela Universidade Federal do Maranhão (2007). Especialista em Psicopedagogia pela Faculdade Internacional de Curitiba e Psicologia da Educação pela Universidade Estadual do Maranhão Mestrado Profissional em História Ensino e Narrativas pela Universidade Estadual do Maranhão e Doutoranda em Educação pela Universidade Estadual do Ceará. E-mail:napaularenaldo@gmail.com

 

Referências bibliográficas

 

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil: texto constitucional promulgado em 5 de Outubro de 1988, com as alterações adotadas pelas Emendas Constitucionais nº 1/92 a 56/2007 e pelas Emendas Constitucionais de Revisão nº 1 a 6/94. Brasília: Senado Federal, Subsecretaria de edições técnicas, 2008. 464 p.

 

BRASIL. Ministério da Educação. Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Altera a lei nº 9. 394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira Africana”, e dá outra providencias. Diário Oficial da União. Brasília: DF, 10 jan. 2003.

 

BURKE, Peter. Abertura: a nova história cultural, seu passado e seu futuro. In: BURKE, Peter. A escrita da história: novas perspectivas. São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista, 1992. p. 7-37.

 

FERRETTI, Sérgio Figueiredo.QuerebentãZomadônu: etnografia da Casa das Minas do Maranhão. 3ª ed. Rio de Janeiro: Pallas, 2009.

 

FONSECA, Mariana. Educação pelos tambores: a transmissão da tradição oral no Candomble do Açude. Anais... Uberlândia: Universidade Federal de Uberlândia, 2006, p. 4935-4948.

 

JENSEN, Tina Gudrun. Discursos sobre as religiões afro-brasileiras: da desafricanização para a reafricanização. Revista de Estudos da Religião. n.1, p. 1-21, 2001. Disponível em:<www.pucsp.br/rever/rv1_2001/p_jensen.pdf >. Acesso em: 15 fev. 2021.

 

LAPASSADE, Georges. As Microssociologias. Brasília: Líber Livro Editora, 2005.

 

NETO, João Colares. A Educação no cotidiano do terreiro: saberes e práticas culturais do tambor de mina na Amazônia. Dissertação - (Mestrado em Educação), PPGED/UEPA, Belém, 2008.

 

MUNANGA, Kabengele. In: ENCONTRO DE HISTÓRIA: HISTÓRIA, RACISMO E RELIGIOSIDADES NEGRAS, 2012, Maceió, AL. Anais... Maceió, 23 a 26 de outubro de 2012 [recurso eletrônico], Universidade Federal de Alagoas, Instituto de Ciências Humanas, Comunicação e Artes, Curso de História, Maceió: Ufal, 2012.

 

PASSOS, J. C. Discutindo as relações raciais na estrutura escolar e construindo uma pedagogia multirracial e popular. In: NOGUEIRA, J. C. (Org.). Multiculturalismo e a Pedagogia Multirracial e Popular.Série Pensamento Negro em Educação. Florianópolis, SC: Atilènde.

 

VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Avaliação: Concepção Dialética-libertadora do Processo de Avaliação Escolar. Libertad, 2000.

23 comentários:

  1. Primeiramente parabéns pela pesquisa, pelo texto, assunto te extrema importância e que nós professores realmente precisamos nos aprofundar mais.

    Ana Paula, meu questionamento é o seguinte: sabemos que os ensinamentos das religiões de matriz africana são passados principalmente através da oralidade e que a melhor forma de aprender seria de fato indo a um terreiro ou qualquer espaço em que se pratique essa religião. Porém não podemos deixar de considerar que alguns professores podem ter dificuldade e receio em ir a um desses lugares (mesmo que isso seja uma certa intolerância). Você teria livros, filmes ou documentários para sugerir que expliquem melhor as crenças das religiões de matriz africana?

    Ass: Lumena Rios da Cunha Pereira

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  2. Olá, Lumena! Satisfação! Proporcionar a aprendizagem parte da perspectiva do ensino e o mesmo requer teoria para possibilitar a transformação da prática imediata em práxis como pratica social, ou seja, ir ao terreiro foi um dos elementos de aprendizagem de formação docente e oriento que antes de ir para campo de pesquisa com intenções colaborativas de aprendizagem acesse as referencias do artigo postado aqui e reflita sobres suas concepções constituídas no seu caminhar formativo pessoal e profissional ok abraços!

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  3. Fiquei extremamente encantando com tua pesquisa logo de cara com o tema. Me chama a atenção demais e inclusive porque também trabalho exatamente com essa tema atualmente: As abordagens das religiões de matriz africana no ensino fundamental dos anos finais. Parabéns pela pesquisa.

    Como professora da educação básica que és, quais as atividades pedagógicas você trabalhou para inserir tais temas dentro da sala de aula?

    Ass.: José Luiz Xavier Filho

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    1. Olá, Zé Luís! O Projeto Imalé desenvolvido em parceria com a professora de Língua Portuguesa com ênfase na religião de matriz africana foi uma das atividades pedagógicas no Ensino Médio. Conhecer os orixás e sua relação com a natureza e o homem.

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    2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Oi, Ana Paula.

    Parabéns pela pesquisa, realmente fique muito empolgada com o tema proposto. O meu questionamento:

    - Durante os ciclos das entrevistas houve algum tipo de resistência do entrevistado para expor a sua posição em relação ao tema?

    elaine alves da silva - elainealvesdenatal@gmail.com

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    1. Boa tarde, Elaine! Esse experiencia formativa foi feita em grupo de pesquisa de extensão e as mães das alunas (mãe de santo) fez parte dessa formação e posteriormente fizemos uma devolutiva colaborativa a partir das Lei 10.639/03 com a comunidade como uma forma de fortalecer a legalidade e conhecimento sobre os direitos na educação formal. Não houve resistência e sim colaboração!

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  5. Parabéns Ana Paula pelo empreendimento e pelo teu relato aqui socializado. Lendo-a, instigou-me a indagar sobre a pluralidade religiosa em ambiente escolar. Se levarmos em consideração os últimos estudos sobre religião (Antropologia da Religião, especialmente), no contexto brasileiro e da América do Sul, o movimento neopentecostal tem ampliado vertiginosamente. E, como sabemos, é um movimento bastante ativo, especialmente, no que tange à questão de intolerância religiosa.
    Nos contextos em que você se encontra inserido, como tem sido essa relação inter-religiosa, especialmente pra com as de matriz africana?

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    1. Olá,Jander! Os contextos são plurais e na escola que lecionava a aceitação foi positiva, acredito que quando bem planejado atividade em sala de aula ou fora dela, com teoria fundamentada resultados positivos aparecem e o dialogo com outras religiões fortalece a discussão.

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  6. Parabéns! Desenvolvi um tese de mestrado esse tema, onde buscava compreender a relação escolas e terreiros no município de Cururupu. Lendo p texto observei que mesclas introdução de alunos de práticas de cultos afros brasileiro no contexto escolar. Neste sentido, como pensas desenvolver essa inserção, uma vez que os escritos sobre religião afro brasileira se encontra mais no campo do acadêmico, que possui uma linguagem intimamente cientifica o que ao meu ver afasta um trabalho mais orgânico para com esses neófitos. Neste percurso, como vê esta possibilidade de integração?
    Jêibel Márcio Pires Carvalho

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  7. Parabéns! Desenvolvi um tese de mestrado com esse tema, onde buscava compreender a relação escolas e terreiros no município de Cururupu. Lendo o texto observei que mesclas introdução de alunos de práticas de cultos afros brasileiro no contexto escolar. Neste sentido, como pensas desenvolver essa inserção, uma vez que os escritos sobre religião afro brasileira se encontra mais no campo do acadêmico, que possui uma linguagem intimamente cientifica o que ao meu ver afasta um trabalho mais orgânico para com esses neófitos. Neste percurso, como vê esta possibilidade de integração?
    Jêibel Márcio Pires Carvalho

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    1. A História ensinada trás possibilidades de dialogo com as diversas religiões e parcerias entre escola e Universidades são necessárias e possíveis, o academicismo deve ter ação na práxis e não dissociado do ensino, e a escola básica é local de pesquisa com os professores e alunos. Possibilidade de integração entre Universidade e Educação Básica existe e a desconstrução de determinados paradigmas são necessários para que essa relação aconteça.

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  8. A História ensinada trás possibilidades de dialogo com as diversas religiões e parcerias entre escola e Universidades são necessárias e possíveis, o academicismo deve ter ação na práxis e não dissociado do ensino, e a escola básica é local de pesquisa com os professores e alunos. Possibilidade de integração entre Universidade e Educação Básica existe e a desconstrução de determinados paradigmas são necessários para que essa relação aconteça.

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  9. Olá Ana Paula, parabéns pela pesquisa! A educação para as relações étnico-raciais é uma prática essencial para a formação de crianças que valorizem e celebrem a diversidade.

    Meu questionamento é:

    A história das ciências da natureza - em especial, da biologia - está bem atrelada aos problemas de raça que enfrentamos no Brasil. Nesse sentido, você acredita que a interdisciplinaridade entre História e Biologia pode contribuir para a formação para as relações étnico raciais no Ensino Médio? Se sim, de que maneira?

    Ass.: Ana Carolina Pires das Dôres e-mail: anacarolpires@gmail.com

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    1. Olá, Ana! A interdisciplinaridade epistemologicamente é um campo a ser conhecido para além da objetividade cientifica; o que torna possível o dialogo entre a Biologia e a História seria uma perspectiva mais subjetivista quando tratamos a categoria raça.

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  10. Olá,Ana Paula dos Santos Reinaldo Verde!
    Segundo o Banco de dados Slave Voyages, um “website” que conta com fontes bibliográficas e pesquisadores de todo o mundo, com informações preciosa de mais de 35.000 expedições negreiras ocorridas entre 1514 e 1866 verifica-se que, a respeito do passado traumático da diáspora negra os danos constituem-se imensuráveis, tanto fisicamente quanto emocionalmente. Tal condição seria difícil para qualquer pessoa, e em qualquer época. Todas as esferas da vida dos escravos trazidos da África eram afetadas. Sexualmente... Eram separados de seus parceiros. Maternalmente... Seus filhos seriam escravos. Espiritualmente... Suas crenças eram reprimidas. Embasado em quadros estatísticos, gráficos, mapas e linha do tempo, fornecidos no supracitado, constata-se, que "o tráfico de escravos transatlântico foi o maior deslocamento forçado de pessoas a longa distância, ocorrido na história, tendo constituído, até meados do século XIX, o maior manancial demográfico para o repovoamento das Américas após o colapso da população ameríndia."
    o arquétipo do preto-velho é o arquétipo da humildade, da simplicidade, da fé, o arquétipo daquele que foi escravo, que foi comprado, foi vendido, foi afastado da sua terra, que foi tratado como animal, que foi amarrado, que foi chicoteado, que perdeu toda a sua liberdade, mas que não perdeu a fé.
    Essas raízes amargas da escravidão, ainda reverberam presentemente no mundo contemporâneo, qual é a importância aos seus olhos, das religiões afro para o ensino de história?
    Ansioso pelos seus apontamentos e grato desde já pela atenção!

    Fernando Moreira Dos Santos Da Costa.

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    1. Olá, Fernando! Seu texto introdutório da pergunta já seria e é uma boa resposta! Tratar a escravidão e a religiões de matriz africana nessa perspectiva é lindo (humano).

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  11. Olá, professora Ana Paula! Parabéns pelo belíssimo trabalho.

    Essa temática é de suma importância nos dias atuais, é triste ver que poucos professores conhecem sobre o assunto, diante do exposto na pesquisa, percebo que os alunos sofrem várias formas de preconceitos, e por não saber dos seus direitos acabam por calar ou até mesmo, fingir que não é com eles a situação.
    O meu questionamento é o seguinte: como o professor deve conduzir o aluno dentro desse contexto de fazer com que ele , passe a conhecer e valorizar sua cultura e desse modo aprenda a se defender de ofensas causadas por preconceitos feitos pelos colegas e pelas pessoas do seu cotidiano?


    Ana Patrícia Mendes dos Santos!
    Boa tarde, um abraço 😘

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    1. Boa tarde, Ana! Cada contexto é único complexo e situacional e essa é a delicia da educação! Acredito que enquanto professora ter consciência de sua identidade pessoal e profissional já é um passo, ter a educação como ato político outro passo, teoria para conduzir questões que tratem sobre a temática são importantes para fazer frente aos preconceitos ainda vigentes em nossa sociedade.

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  12. Boa tarde, Ana Paula.

    Gostaria de parabenizá-la pelo trabalho, dizer que enquanto docente, somos nós que vamos construir esse currículo outro, afrocentrado. Lhe pergunto: Você concorda que encontramos resistência na nossa equipe de colegas, no tocante ao estudo das religiões de matrizes africanas, por uma histórica de colonização do saber?

    Ana Maria Anunciação da Silva.

    Ichu/Bahia

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    1. Olá! Infelizmente encontramos situações e colegas que por questões culturais institucionais e pessoais, refletem uma uma história eurocêntrica, esses posicionamentos ainda existem na sociedade e ter propriedade teórica é essencialmente necessário nesse contexto.

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  13. Boa noite, parabéns pelo trabalho. Como as relações entre as religiões de matriz africana e a educação poderiam ser melhor trabalhadas pelos professores? Você considera que há muito preconceito na escola com relação às religiões de origem afro?

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