Antonio José de Souza e Ana Maria Anunciação da Silva

AULA DE HISTÓRIA, LENDO ESTÓRIA: NEGRITUDE NOS CACHOS DE LELÊ

 

Notas introdutórias

 

Este trabalho é um relato de experiência, na verdade, são dois relatos coadunados por narrativas que são ambientadas em aulas de história através da leitura do livro infantil O cabelo de Lelê (BELÉM, 2007), tendo como público-alvo os estudantes da Educação do Campo/roça de escolas multisseriadas, ou seja, pequenas classes nas quais se costumam ter um único professor responsável por diversos estudantes de diferentes idades e séries/anos, porém reunidos em um mesmo espaço (SOUZA, 2018). A multisseriação é comum no Sertão nordestino, por isto, aqui, as duas experiências pedagógicas estão localizadas no interior baiano, especificamente, no Território do Sisal.   

 

Como os relatos de experiência são narrados em primeira pessoa, optou-se por organizá-lo por atos: sendo o 1ºAto de responsabilidade do primeiro autor; o 2ºAto é atribuição da segunda autora e o 3ºAto é a reunião dos dois autores na proposição de atividades correlatas que atendam aos esboços teórico-metodológicos concordantes com a Lei Federal nº 10.639 de 2003 que, no dia 9 de janeiro de 2021, completou sua maioridade. Há dezoito anos, a referida Lei alterou a LDB (Lei Diretrizes e Bases), instituída pela Lei nº 9.394/1996, “[...] passando a vigorar acrescida do art. 26-A, que [tornou] obrigatório, nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, o ensino da temática História e Cultura Afro-Brasileira [...]” (SOUZA, 2018, p. 26). Por este motivo, este estudo pretende, também, registrar a importância dessa data.

 

1ºAto: Anita e Lelê

 

Naquele tempo, eu era o coordenador pedagógico das escolas do campo/roça multisseriadas. Visitá-las também fazia parte de meu ofício. Então, invariavelmente, estava acompanhado por livros infantis para uma contação deleite e, posteriormente, a reflexão e a apropriação do conhecimento, “[...] através do círculo hermenêutico: compreensão-interpretação-nova compreensão [...]” (MASINI, 1994, p. 63). De fato, julgava-me sabedor e detentor exímio da metodologia da leitura crítica. No entanto, a sala de aula, por vezes, surpreende-nos. Eu havia reservado para aquela escola um livro intitulado O cabelo de Lelê, livro infantil da autora Valéria Belém (2007), voltado para a construção da autoidentificação positiva das crianças negras com a personagem principal, bem como para introduzir a contribuição do continente africano na cultura brasileira. A referida obra estava em conjugação com o tema-gerador daquele primeiro trimestre que versava sobre a identidade pessoal, cultural e local.

 

Considerei o livro apropriado, porque, durante a dinâmica de apresentação, eu conheci Anita, uma menininha negra, entre quatro e cinco anos de idade, de cabelos lindos, encrespados, encaracolados e fartos como os cabelos da personagem Lelê, que não gostava do que via, por isto, vivia se perguntando sem saber o que fazer: “[...] de onde vêm tantos cachinhos?” (BELÉM, 2007, p. 9). Como toda pergunta reclama por resposta, no livro, Lelê foi encontrar-se com a história e a beleza da herança africana.

 

Ao término da leitura, com as crianças sentadas de pernas cruzadas no chão, passei a provocá-las a respeito da cor da pele de Lelê e dos seus cabelos pretos volumosos. Em um determinado momento, presumi favorável relacionar os cabelos da personagem com os de Anita que, para o meu absoluto desatino, não gostou do que ouviu. Logo, chorou. Chorando, gritou. Gritando, puxava os cachos dos seus cabelos.

 

A professora da turma, testemunha da minha hesitação atônita, moveu-se por ela e por mim, na tentativa de remediar as lágrimas derramadas de Anita. Aturdido, lancei mão das titubeantes palavras de expiação, pois, sentia que a tinha ofendido. Se as minhas reações eram cambaleantes e meu discurso vago, o mesmo não acontecia com os meus pensamentos, dado que eram convulsivamente frenéticos, levando-me para além do que se pode compreender em um primeiro contato.

 

Sim, eu havia ressentido Anita, evidentemente, sem saber e querer. Compará-la à personagem Lelê foi um golpe certeiro na sua autoestima, afinal, tornou-se, o negro, o ‘estranho familiar’, hostilizado por robustos parâmetros racistas do século XIX que “[...] primeiro [apostava] na ideia de Tipos Perfeitos (indivíduos que não eram miscigenados), segundo [considerava] a mestiçagem como uma praga para a sociedade ‘civilizada’ que precisava ser evitada e eliminada” (SILVA; SANTOS, 2012, p. 1, grifo dos autores).

 

Além disso, as teorias evolucionistas que influenciaram, no Brasil, as reproduções pejorativas que atribuíam ao negro a pecha de parasitário, vadio, servil e abjeto, todas arraigadas nos alicerces contemporâneos que permanecem categorizando o negro como integrante de uma raça inferior. Portanto, um legado deixado pela experiência de uma abolição tardia, proclamada oficialmente, mas que, na verdade, enclausurou o negro na sarjeta, dado que, “[...] para serem livres, eles tiveram de arcar com a opção de se tornarem ‘vagabundos’, ‘boêmios’, ‘parasitas de suas companheiras’, ‘bêbados’, ‘desordeiros’, ‘ladrões’ etc.” (FERNANDES, 2017, p. 80, grifos do autor).

 

Sendo assim, o negro é transfigurado em um espectro, visto que nas representações sociais existem elementos determinantes para a classificação no regime de castas que, para tal, considera o desembarque pretérito dos africanos, desenvolvendo um imaginário de degenerações culturais, sociais e também biológicas, por esta razão, a mestiçagem significava, para as doutrinas raciais da segunda metade século XIX, uma descendência corrompida. Com efeito, o afastamento da eminente ameaça viria pelo branqueamento da sociedade brasileira, por meio da eliminação gradativa do sangue ‘subalterno’, resolvendo, sumariamente, a questão da formação identitária nacional, considerada incômoda, por conta da pluralidade racial.

 

Mas eu, sinceramente, compreendo a Anita, pois na minha tenra infância não me percebia negro, muito embora os traços ancestrais da negritude estivessem presentes em minha família. Tenho de reconhecer, contudo, que quando os adultos da família me perguntavam com quem casaria, prontamente respondia que seria com uma vizinha loira, de olhos claros e pele alva, que estudava comigo. Após a resposta, podia-se ouvir um coro debochado, declarando-me como uma criança racista. Definitivamente, faltava-me lucidez para entender o que significava ser racista, visto que todos diziam que eu era moreno com cabelos lisos demais, distanciando-me do ‘ser negro’. Portanto, nasci negro, após os meus dezesseis anos de idade.

 

Posto isso, reitero minha genuína complacência acerca da reação intensa e carregada da Anita, afinal, “[...] saber-se negra é viver a experiência de ter sido massacrada em sua identidade, confundida em suas perspectivas, submetida [às] exigências, compelida [às] expectativas alienadas [...]” (SOUZA, 1983, p. 17-18). Anita era apenas uma criança que, de alguma maneira, percebia, na correlação com a personagem Lelê, a ‘intenção’ de forjá-la no mesmo discurso que fabricou o mito do negro feio, ruim e sujo.

 

Tal condição revela-se perigosa porque é intencional e determinada por um pacto de poder, muito parecido com o que Foucault (1987) chamou de “[...] tecnologia política do corpo [...]” (FOUCAULT, 1987, p. 28), uma vez que, na mesma proporção que o corpo é submergido numa relação de poder e de dominação, por meio do cárcere da sujeição, também é enclausurada a identidade, quando forjada, por exemplo, pela estratégia usada para aniquilar a existência de uma identidade cultural negra, por meio de uma estrutura desfavorável que nutre o fetiche do negro pela brancura, estimulando a ânsia de ser transfigurado em branco, pois conforme o grifo de Costa (1983, p. 5): “Ela, a brancura, permanece branca. Nada pode macular esta brancura que, a ferro e fogo, cravou-se na consciência negra como sinônimo de pureza artística; nobreza estética; majestade moral; sabedoria científica etc. [...].”.

 

Essas representações são absorvidas, muitas vezes, de maneira tão exitosa que nos tornam, como diz Saramago (2001, p. 310), “[...] cegos, cegos que veem, cegos que, vendo, não veem [...]”, isto é, olhamos porque temos o sentido da visão, no entanto, não enxergamos. Vemos, todavia, perdemos a capacidade de observar e analisar uma situação qualquer, porque parece que nosso maior embaraço é justamente conseguir enxergar além do superficial. É a essa cegueira a que se refere Saramago (2001), pois parece que o poder da alienação enclausurou o homem numa bestial ilusão, limitando-o a uma miopia que não deixa olhar e ver o que as imagens mostram e omitem, revelam e, subliminarmente, escondem.

 

No processo de negação da minha negritude, a escola contribuiu notadamente. Penso que colaborou, também, para a “ausência” de Anita, no entanto, tem um outro aspecto que merece atenção: a família, pois, no que diz respeito à construção e à negação/aceitação das identidades, torna-se essencial o papel da família, uma vez que “[...] as mediações familiares são competências de identidade, perpassadas por processos complexos” (SOUZA, 2020, p. 136).

 

Essa dinâmica de apreender as imagens representativas do “outro” – muitas vezes expostas como ícones padronizadores, impondo o corpo perfeito, o cabelo ideal, as medidas exatas e o comportamento aceitável –, faz com que nos percebamos diferentes desse “outro” e isto expõe nossa individualidade, nossas diferenças e põe em questão a materialidade da identidade humana.

 

2ºAto: Anita e Lelê

 

No dia 12 de novembro do ano de 2019, desenvolvi uma aula sobre a história dos cabelos de Lelê. Separei o livro, coloquei-o em uma caixa para criar expectativas e suspense nos estudantes, escolhi o momento mais oportuno para iniciar a leitura. Nesse dia, propositalmente, fui com meus cabelos naturalmente soltos e à medida que eu lia a história, eu jogava-os para lá e para cá. Observei os olhares fixos, percebi algumas meninas ensaiando retirar os pompons de seus cabelos. Eu sorria positivamente. Ao final, contei a história dos meus cabelos e de como aprendi a amá-los. Enfatizei que nossos cabelos guardam uma história. Levei o globo terrestre e disse que, existem muitas meninas como a Lelê, como eu e como elas pelo mundo, falei sobre o Continente Africano, ressaltando-o de forma positiva.

 

Contei que, na infância, meus cabelos eram cuidados por minhas irmãs mais velhas, uma tarefa que elas faziam com capricho e paciência. Na verdade, colocavam em prática as técnicas aprendidas com as nossas avós de como usar os elementos da natureza para tratar e abrilhantar as nossas coroas crespas. Iniciei apresentando as linhas sinuosas e retas dos caminhos que percorri, narrando os cotidianos do meu ser menina-mulher de cabelos crespos como os da Lelê. Assim, comecei a relatar para os estudantes, cada fase do ritual feito pelas minhas irmãs: primeiro a higienização, feita com a água da fontinha de barro e a espuma natural da casca do juazeiro, depois a hidratação, com a seiva natural da babosa em junção com algumas colheres de creme – técnica que facilitava o ato de desembaraçar os fios. Em seguida, a finalização com os óleos puros vegetais, extraídos dos frutos do ouricuri ou do coco seco, também confeccionados por mulheres, aqui, da roça, e por fim, a última etapa, o pentear, que para mim, era a hora mais esperada.

 

Nesse momento, eu sentava na esteira, debaixo do pé de cajá, escutando e obedecendo aos comandos de virar a cabeça para esquerda, direita, para baixo e para cima. Confessei-lhes os pedidos que fazia para que minhas irmãs deixassem meus cabelos soltos, como os da Lelê. E de como recebia respostas negativas. Então, eles viviam sempre presos e como birotes ou tranças. Disse-lhes que eu tinha tanta vontade de deixar meus cabelos soltos e livres como os cabelos da Lelê. Que eu não entendia e sofria diante da resposta negativa, e por isto, solicitava que fizessem penteados bonitos para evitar outros constrangimentos na escola. Lugar da ausência da temática da negritude, lugar no qual ser negra era ser silenciada.

 

Falei, ainda, que tive uma vida escolar permeada por uma história de negação da identidade negra. Um silêncio absurdo nos livros, nas falas das professoras e nas demais atividades. Como eu ia amar meus cabelos crespos, cor, fenótipo se a beleza era retratada através da boneca branca de cabelos loiros e lisos? Aquela que todos achavam linda. Contei-lhes sobre o impacto que sofri na transição da escola da roça para a da cidade. Na cidade foi onde eu vivi as partes mais sofridas da história de meus cabelos. Também foi lá que ouvi os apelidos mais vexatórios sobre eles, nomeados de: cabelo de lã de aço, bombril, vassoura, arapuá, duro e ruim. E quando estavam soltos, naturalmente volumosos, eu voltava com alguns chicletes mascados e colados neles. Tendo o meu cabelo “[...] como importante marcador racial no contexto de desigualdades [...].” (OLIVEIRA, 2019, p. 5).

 

Foi indubitavelmente uma experiência de dor, pois, mesmo com um jeitinho e passando óleos quando eu chegava em casa, os chicletes não saíam, doía para retirar e doía principalmente por dentro. Por que faziam aquilo comigo? Com a intenção de tornar-me mais próxima do “ser da cidade” e para não sofrer sanções e punições por ser “a negra do cabelo duro”, eu acabei fazendo o jogo do tornar-me “um outro aceitável” e alisei os meus fios. Revelei-lhes que este foi um dos piores dias da minha vida! Ouvi muitas coisas que nem gosto de lembrar. As pessoas reclamavam de um cheiro forte proveniente da química colocado no meu cabelo. As reclamações iniciaram desde o trajeto no ônibus escolar e pioraram ainda mais na sala. Fiquei perdida, sem saber o que fazer, apenas chorei no banheiro da escola e contei as horas para voltar para casa. Falei para os(as) estudantes sobre a importância de nos acharmos lindos(as), do jeito que somos, não cedendo às escolhas e regras que não são nossas, mas dos outros, daqueles e daquelas que carregam consigo o preconceito e o racismo, como resquícios de uma sociedade excludente.

 

Ao contar a história dos meus cabelos, voltei ao meu ser criança, revivi as crônicas de um tempo passado, experiências que me fizeram ser hoje a mulher negra docente que sou, “[...] promovendo estudo histórico e conscientizando, entre outras coisas, sobre as mazelas e marginalização que vitimam determinadas culturas e que têm sua gênese num passado histórico [...]” (SOUZA, 2018, p.102). Desta forma, acredito ter contribuído para a constituição de uma identidade negra positiva, por meio de uma retomada histórica, cultural e política. Vivi na sala uma aula inquietante que me moveu, fiz a articulação dos conhecimentos teóricos e práticos, e principalmente os adquiridos com as vivências emaranhadas e articuladas à história dos cabelos de Lelê; entre o concebido, o percebido e o vivido (SOUZA; SOUZA, 2020). Compartilhando as memórias e as histórias da minha vida, “[...] por meio de uma dinâmica prospectiva [...] saber da história [...] compreender contextos, transpassar o tempo [...] fazer uma hermenêutica [...] avançando e alcançando também a vida.”. (SOUZA, p.112, 2018). Por fim, refleti com os estudantes que se o racismo, o preconceito e outras opressões que turvam a consciência da identidade negra são perpassados, a construção de uma identidade negra positiva e o respeito às diferenças também deve ser ensinada e aprendida.  

 

3ºAto: Atividades correlatas

 

Aqui apresentamos algumas recomendações de atividades, tratadas em sua relação com a História e a Cultura africanas e afro-brasileiras e as questões étnico-raciais; possibilidades a serem desenvolvidas, reelaboradas, ampliadas, aprimoradas segundo a habitual inventividade dos(as) professores(as). As ações propostas seguem as orientações das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana (BRASIL, 2005).

 

Plano de ação: A Mãe África e suas muitas feições

 

Objetivo: Promover o estudo e a reflexão acerca da cultura e da identidade afro-brasileira, partindo da ancestralidade africana, tomando o referido continente como objeto de estudo, desde os tempos áureos das antigas civilizações, passando pela desarticulação da África, pelos europeus e a chegada dos negros escravizados ao Brasil, culminando na presença negra na contemporaneidade brasileira.

 

Subtema: Mãe África! A Mãe Negra dos primórdios

Diálogo com a questão racial:

 

·      Sensibilização – Estudo/reflexão da música Mama África (Chico César).

·      Apresentação e estudo do mapa político do continente africano.

·      Pesquisa acerca da África gloriosa e seus reinos, civilizações e cidades antigas.

·      Apresentação da África como Berço da Humanidade.

·      Construção do mapa da África com imagens e/ou desenhos referentes às contribuições dos povos africanos para a ciência moderna.

·      Livro infantil como estratégia para introduzir o continente africano Bichos da África (Rogerio Andrade Barbosa).

 

Subtema: Mãe África desfigurada

Diálogo com a questão racial:

 

·      Sensibilização – Estudo/reflexão da música História do Brasil (Edson Gomes).

·      Estudo do início da exploração do continente africano.

·      Apresentação do mapa da Diáspora dos povos negros para o Brasil.

·      Chegada dos povos negros no Brasil Colônia.

·      Livro infantil como estratégia para introduzir a contribuição do continente africano na cultura brasileira Cabelo de Lelê (Valéria Belém).

 

Subtema: Os filhos pretos da Mãe África no Brasil

Diálogo com a questão racial:

 

·      Sensibilização – Estudo/reflexão da música Canto das três raças (Clara Nunes).

·      Estudo e denúncia do período da escravidão.

·      Início/origem do preconceito racial no Brasil (música: A carne mais barata do mercado – Elza Soares).

·      Estudo da resistência negra.

·      Contribuição dos povos negros para a formação da identidade e da cultura brasileira, em vários âmbitos.

·      Livro infantil como estratégia para introduzir o temário identidade negra Menina Bonita do Laço de Fita (Ana Maria Machado).

 

Referências biográficas

 

Antonio José de Souza é Teólogo/Historiador. Doutorando do Programa de Pós-graduação em Família na Sociedade Contemporânea (UCSal). Mestre em Educação e Diversidade (UNEB). Professor da Educação Básica do município de Itiúba (BA). Bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB). E-mail: tonnysouza@gmail.com.

 

Ana Maria Anunciação da Silva é Pedagoga. Mestranda em Educação e Diversidade (UNEB). Especialista em Educação do Campo (IFBaiano/Serrinha). Professora da Educação Básica do município de Ichu (BA). Integra o Grupo de Pesquisa Formação, Linguagens, Experiência (FEL/UNEB) e Núcleo de Estudos em Agroecologia (NEA/IFBaiano/Serrinha). E-mail: annaichu@hotmail.com.

 

Referências bibliográficas

 

BELÉM, Valéria. O cabelo de Lelê. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2007.

 

BRASIL, Ministério da Educação/Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade/Secretaria Especial de Política de Promoção da Igualdade Racial. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Brasília, DF: MEC/SECAD/SEPPIR, 2005.

 

BRASIL. Lei 10.639/2003, de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília.

 

COSTA, Jurandir Freire. Da cor ao corpo: a violência do racismo. In: SOUZA, Neusa Santos. Tornar-se negro: as vicissitudes da identidade do negro brasileiro em ascensão social. Rio de Janeiro: Graal, 1983. p. 1-16.

 

FERNANDES, Florestan. Significado do protesto negro. São Paulo: Expressão Popular e Fundação Perseu Abramo, 2017.

 

FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Tradução de Raquel Ramalhete. Petrópolis, RJ: Vozes, 1987.

 

MASINI, Elcie Aparecida Fortes Salzano. Enfoque fenomenológico de pesquisa em educação. In: FAZENDA, Ivani (Org.). Metodologia da pesquisa educacional. 3. ed. São Paulo: Cortez, 1994. p. 47-58.

 

OLIVEIRA, Iris Verena. Isso é batom para vir à escola? Disputas estético-metodológicas nos pátios do currículo. Revista e-curriculum, São Paulo, v. 17, n. 4, p. 1523-1544, out.- dez. 2019. 

 

SARAMAGO, José. Ensaio sobre a cegueira. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.

 

SILVA, Thiago Dantas da; SANTOS, Maíra Rodrigues dos. A abolição e a manutenção das injustiças: a luta dos negros na Primeira República brasileira. Cadernos Imbondeiro, João Pessoa, v. 2, n. 1, p. 1-10, 2012.

 

SOUZA, Antonio José de. Família e escola: um ensaio sobre o dueto e seus conflitos. In: SOUZA, Antonio José de; SOUZA, Heron Ferreira. Educação no/do Campo: entre o concebido, percebido e vivido. Curitiba: Editora CRV, 2020. p. 129-144.

 

SOUZA, Antonio José de. O já-dito e não-dito acerca das identidades e cultura afro-brasileira: histórias de vida-formação-profissão dos docentes de classes multisseriadas. Curitiba: CRV, 2018.

 

SOUZA, Neusa Santos. Tornar-se negro: as vicissitudes da identidade do negro brasileiro em ascensão social. Rio de Janeiro: Graal, 1983.


12 comentários:

  1. Adorei a abordagens muito interessante!!
    Principalmente em tratar da falta de markeying que o curso de história sofre. Principalmente creio eu na escolas. Na qual, em função muitas vezes do currículos, da metodologia a matéria se torna enfadonha não despertando o interesse dos alunos.
    Mas, brinquei parabenizar pela pesquisa e perguntar, como surgiu essa pesquisa?

    Att, Jacqueline Ferreira Dias

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    1. Olá, Jacqueline!
      Obrigado pela participação.

      O estudo é escrito por duas mãos. É um compilado de dois relatos de experiência. O 1ºAto (intitulado Anita e Lelê) foi escrito por mim. O 2ºAto (que na verdade se chama: Negritude nos cachos de Lelê – retificando) foi escrito por Ana Maria. O relato da Ana é parte de um projeto pedagógico desenvolvido com sua turma do ensino fundamental de uma escola da roça. Peço, gentilmente, que a Ana fale da origem desse exitoso trabalho. Já o meu relato não é sobre um projeto, mas, acerca de uma prática costumeira durante as minhas visitas, na época, às escolas multisseriadas que estavam sob minha coordenação. Nessas situações, eu iniciava as atividades com a leitura deleite. Vale destacar que os livros escolhidos faziam parte do Projeto Baú de Leitura na Educação Contextualizada (fundado há 20 anos pelo Movimento de Organização Comunitária – MOC e estimulado pelo UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância). O referido projeto tem o objetivo de valorizar o aprendizado e sensibilizar os estudantes das escolas do Semiárido baiano, conscientizando-os sobre o papel da leitura.

      Abraço!

      Antonio José de Souza
      (Itiúba-Bahia)

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    2. Este comentário foi removido pelo autor.

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    3. Boa noite! Gostaria de me redimir com o erro que acabei de perceber. Essa pergunta se refere a outro texto do evento. Devo ter trocado as perguntas.
      O meu comentário sobre o texto de vocês, que diga-se de passagem, tá Muito interessante, certamente coloquei no outro texto. Desde de já, peço desculpas e agradeço pela respostas e informo que vou corrigir meu erro.
      Att,
      Jacqueline Ferreira Dias

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    4. Boa noite, prezados.

      Agradeço a leitura. Obrigada, Professor Antonio, pelas palavras gentis.
      Esse projeto, se configurou em um potencial instrumento de valorização das afrocentricidades presentes na escola e na comunidade.
      Possibilitou, refletir sobre a cor da pele e gostar dela, além disso, ampliar o repertório a cerca dos elementos da África, ou seja, apresentar um continente africano, resistente, colorido e rico, assim, contribuiu também para contrapor as perversas hierarquias impostas, que estruturam as desigualdades sociais e raciais.

      Abraços afrocentrados.
      Ana Maria Anunciação da Silva.

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  2. Boa tarde, Antonio e Ana Maria.
    Obrigada pela partilha do texto/experiência. Parabéns!
    Dentro dessa temática lembrei de algumas leituras, não sei se vocês já leram, mas são: Pequeno Príncipe Preto do Rodrigo França e o livro Betina da Nilma Lino Gomes. São livros com narrativas literárias de protagonistas negros e de autoria negra para a valorização da história e cultura afro-brasileira e africana.
    Gostaria que vocês relatassem, se possível: Quais foram os resultados da intervenção didática/sensibilização?

    Assinado Janaina Rodrigues Pitas

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    1. Olá, Janaina!
      Obrigado pela participação.

      Na minha resposta à Jacqueline eu digo que o meu relato não é sobre um projeto, mas uma prática que objetivava a aprendizagem pela leitura de fruição. Evidentemente, eu aproveitava para refletir com os estudantes temas importantes como, no caso, a identidade negra. Posto isso, confesso que o resultado percebido foi em mim, porque a repercussão da leitura na Anita, gerou-me profundas mobilizações, assinalando o início do meu interesse pelo estudo e articulação entre questões étnico-raciais e a educação.

      Abraço!

      Antonio José de Souza
      (Itiúba-Bahia)

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    2. Boa noite, Janaina Pitas.

      Agradeço as suas sugestões de literatura negra. Lhe respondo que, a atividade, dentre outras coisas, permitiu a ampliação do repertório a cerca dos elementos da África e principalmente a valorização das características físicas, do cabelo crespo, cacheados, do nosso povo negro, reconhecendo que o racismo tem cor e começa na infância e perpassam na constituição das subjetividades das crianças negras.

      Abraços.

      Ana Maria Anunciação da Silva.
      (Ichu/Ba).

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  3. TEXTO MUITOO MARAVILHOSO!!!
    Quando vi o nome do livro, já me despertou um interesse. Pois, quando fui assistente educacional infantil a professora passou para os alunos. A minha experiência foi experiência foi mais próximo do segundo relato.
    A aluna negra ,a única que tinha os cabelos crespo cacheado se sentiu muito representada. Ficou feliz de ser mencionada como sendo a Lelê e ainda disse: "eu e a pró Jacqueline (que sou eu) temos o cabelo parecido com a Lelê né, pró(ela se referiu a outra professora)" mencionados só pra comentar que quando vi ele me sentir muito feliz de ter um livro com essa temática na escola, e dizer que e Tou maravilhada com a discussão levantada aqui atráves dele.
    E questinar, se já foi aplicados os outros textos e sugestões do texto em sala de aula. ?

    Att, Jacqueline Ferreira Dias

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    1. Jacqueline, obrigado por compartilhar sua experiência. É salutar saber que você foi alcançada pelo texto. A professora Ana Maria responderá sua questão.

      Forte abraço.

      Antonio José de Souza

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    2. Boa noite, Prezada Jaqueline Ferreira Dias.

      Obrigada pela leitura e elogios.
      Parabéns pelo seu trabalho também, tão gratificante nos encontrar por aqui, e ter as nossas práticas pedagógicas, entrelaçadas as suas.
      Comigo foi na Pós-Graduação, o Professor Antonio José, trouxe a história o Cabelo de Lelê para entrelaçar ao debate. Me recordo, ele me olhar de forma terna e depois dizer: Gente os cabelos da Ana, são lindos como o da Lelê. Eu fiquei toda feliz!

      Que gratificante é ser afetada(o) positivamente.
      Sobre a aplicação de outros textos, trabalhei também com:
      Meninas Negras, Menina Bonita do Laço de Fita, O Menino de toda Cor, Bruna e a Galinha da Angola, O menino Marrom, O Pequeno Príncipe Preto, Do outro lado tem Segredo, Ana e Ana.

      Abração! Sigamos confiantes.

      Ana Maria Anunciação da Silva.
      (Ichu/BA).

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