Antonio Xavier Miranda Neto

O USO DE PLANTAS MEDICINAIS NA COMUNIDADE QUILOMBOLA SANTO ANTÔNIO DOS PRETOS NA CIDADE DE CODÓ- MA

 

Introdução

 

Não é possível datar com exatidão o início da utilização de plantas como forma de cura para enfermidades do ser humano. Desde o início da civilização os seres humanos buscam recursos da natureza para melhorar suas próprias condições de vida, e aumentar suas chances de sobrevivência. A relação dos vegetais e seres humanos é importante em várias culturas, como é o caso da alimentação e das finalidades medicinais, bem como a construção de moradias e a confecção de vestimentas (BALICK; COX, 1997).

 

Ao longo dos tempos os seres humanos perceberam que ervas com capacidade de causar sonolência teriam também capacidade de acalmar se fossem usadas em quantidade menores.  Desta forma, encontrou-se nas plantas a existência de algo que, administrado sob forma de mistura como nos chás, garrafadas, tinturas ou pós e como substância pura isolada transformando em comprimido, gotas, pomadas ou cápsulas, teria a propriedade de provocar reações benéficas ao organismo capazes de resultar a cura de enfermidades (LORENZI; MATOS, 2002).

 

De acordo com Vergara (2010), a taxionomia aplicada à pesquisa está classificada da seguinte forma: quanto aos fins é descritiva porque irá descrever o ambiente físico e a convivência da comunidade com as ervas medicinais. Quanto aos meios é bibliográfica, pois querer referenciais teóricos que abordem questionamentos pertinentes a formação e à titulação de comunidades quilombolas para serem confrontadas com as informações a serem encontradas naquele ambiente de pesquisa; de campo por se tratar da necessidade do contato direto entre os pesquisadores e o elemento de pesquisa considerando a ideia de que os relatos a serem notificados como base legal para a construção da pesquisa serão feitos oralmente na comunidade.

 

Os sujeitos envolvidos nesta pesquisa foram os moradores da comunidade quilombola Santo Antônio dos Pretos, localizada a 50 quilômetros do perímetro urbano do município de Codó- MA. Este estudo teve como objetivo resgatar e sistematizar o conhecimento popular sobre a flora medicinal do Quilombo Santo Antônio dos Pretos, bem como, as informações socioculturais e as informações botânicas da comunidade em estudo. Para alcançar este objetivo, foi necessário primeiramente revisar as diversas literaturas que abordam as questões do uso de plantas medicinais em nossa sociedade, para em seguida, realizar um diagnóstico do uso dessas plantas na Comunidade Quilombola Santo Antônio dos Pretos.

 

A pesquisa justifica-se em vista do caráter dinâmico da medicina popular e do desaparecimento de espécies vegetais e das práticas culturais da população ocupante da área do quilombo. Entretanto, o registro e a informação contribuem para manutenção e direcionamento do saber popular.

 

 

Plantas medicinais e sua função social

 

De acordo com o Ministério da Saúde:

 

“O Brasil é o país que detém a maior parcela da biodiversidade, em torno de 15 a 20% do total mundial, com destaque para as plantas superiores, nas quais detém aproximadamente 24% da biodiversidade. Entre os elementos que compõem a biodiversidade, as plantas são a matéria-prima para a fabricação de fitoterápicos e outros medicamentos. Além de seu uso como substrato para a fabricação de medicamentos, as plantas são também utilizadas em práticas populares e tradicionais como remédios caseiros e comunitários, processo conhecido como medicina tradicional. Além desse acervo genético, o Brasil é detentor de rica diversidade cultural e étnica que resultou em um acúmulo considerável de conhecimentos e tecnologias tradicionais, passados de geração a geração, entre os quais se destaca o vasto acervo de conhecimentos sobre manejo e uso de plantas medicinais” (BRASIL, 2006, p. 14).

 

São consideradas cinco regiões brasileiras em abundância de espécies medicinais: Floresta Amazônica, Mata Atlântica, Pantanal Mato-grossense, Cerrado e Caatinga. Algumas dessas regiões possuem plantas medicinais indicadas popularmente, das quais ainda não foram realizados estudo químico, farmacológico ou toxicológico (ALMEIDA, 2011, p. 43).

 

A Organização Mundial de Saúde, através da R.D.C. 48 publicada em 16/03/2004, diz que planta medicinal é qualquer planta que possua em um ou em vários de seus órgãos, substâncias usadas com finalidade terapêutica, ou que estas substâncias sejam ponto de partida para a síntese de produtos químicos e farmacêuticos. A estas substâncias é dado o nome de princípios ativos. São eles os responsáveis pelo efeito terapêutico que a planta medicinal possui (BIESKI, 2005).

 

A ciência que estuda a utilização das plantas medicinais é conhecida como fitoterapia. O termo Fitoterapia deriva do grego therapeia, tratamento, e phyton, vegetal, e diz respeito ao estudo das plantas medicinais e suas aplicações na cura das doenças (ALVES; SILVA, 2002).

 

O termo fitoterapia descreve a profilaxia e o tratamento de doenças e distúrbios da saúde através de plantas, bem como por partes de plantas, como folhas, flores, raízes, frutos ou sementes, e pelas suas preparações. Os derivados sintéticos obtidos por modificação química, não pertencem mais à fitoterapia, já que não ocorrem “naturalmente” sob esta forma nas plantas. O conceito de fitoterapia foi introduzido no meio científico pelo médico francês Henri Leclerc (1870- 1955), que vivia e clinicava em Paris (FINTELMANN; WEISS, 2010, p. 3-6).

 

Os africanos, juntamente com os índios e europeus, foram responsáveis pela formação da base do conhecimento cultural e biológico acerca das plantas úteis no Brasil. Com a vinda dos africanos para o Brasil, após três séculos de tráfico escravo, muitas foram as espécies vegetais trazidas. Os africanos desempenharam dois papéis neste processo histórico, transplantado um sistema de classificação botânica africano e introduzindo plantas nativas brasileiras em sua própria cultura através de seus efeitos medicinais simbólicos (ALMEIDA, 2011).

 

No estado do Maranhão, vieram mais 100 mil africanos, sobretudo de Guiné, Dahomey e Angola. Como resultado, às vésperas da Independência, 55% dos habitantes do Maranhão eram escravos. Tal número correspondia à mais alta porcentagem de população escrava do Império (ASSUNÇÃO, 1996).

 

Entre 1838 e 1840, o Maranhão foi palco de uma insurreição popular em que os quilombolas tiveram participação decisiva. A Balaiada foi um dos maiores conflitos ocorridos no Brasil.  Em junho de 1840, os rebeldes que sobreviveram à luta da Balaiada em Caxias- MA juntaram-se ao numeroso grupo de escravos liderados por Cosme Bento das Chagas, o “Negro Cosme”, na região de Codó- MA. Os escravos fugitivos concentravam-se em locais onde tinham uma grande quantidade de matas, rios e riachos. Tal aspecto foi decisivo no momento de ocupação dos territórios, pois tratava-se de lugares que escapavam ao controle do Estado, permitindo que os quilombos multiplicassem e suas populações se sentissem relativamente seguras (ASSUNÇÃO, 1996).

 

Conhecimento popular sobre a flora medicinal do Quilombo Santo Antônio dos Pretos, Codó, Maranhão

 

Codó é um município brasileiro situado à leste do estado do Maranhão, tendo como coordenadas geográficas: latitude Sul 4º 25’ 05” e longitude 43º 52’ 57” a oeste da Greenwich. Seu território possui uma área total de 4.361,341 km2. Está situada a 292 quilômetros da capital São Luís. O município apesar de estar no estado do Maranhão é muito mais ligado a capital piauiense Teresina pela proximidade de apenas 169 quilômetros. No ano de 2015 sua população foi estimada em 120.265 habitantes. Fuso horário (UTC -03:00) Brasília (IBGE, 2015).

 

A cidade de Codó limita-se geograficamente com os municípios de Afonso Cunha, Aldeias Altas, Caxias, Timbiras, Coroatá, Chapadinha, Dom Pedro, Gonçalves Dias, Governador Archer, Lima Campos e Santo Antônio dos Lopes. O município de Codó é banhado por três rios principais que são o Codozinho, o rio Saco e o Itapecuru, sendo que os três rios se encontram e desembocam na Baía de São Marcos próximo a capital São Luís (IBGE, 2015).

 

Atualmente na região de Codó, três comunidades quilombolas haviam conquistado o título de propriedade de suas terras, entre elas está a Comunidade Quilombola Santo Antônio dos Pretos. Os títulos foram outorgados pelo governo do estado por meio do Instituto de Terras do Maranhão (ITERMA).

 

A Comunidade Quilombola Santo Antônio dos Pretos é rica em manifestações culturais, nos últimos anos tem recebido estudos mais específicos e incentivos à cultura peculiar. Da mesma forma, resta uma lacuna quanto ao estudo das plantas úteis ou potencialmente úteis na medicina popular ou mesmo daquelas com utilidades na alimentação, habitação, vestuário ou artesanato dos moradores do quilombo, embora alguns trabalhos desta natureza tenham sido razoavelmente realizados na comunidade.

 

Considerando o fato de grande parte das famílias quilombolas optarem pelo uso de remédios naturais que são amplamente disponíveis nas localidades, pode-se perceber a necessidade dessas famílias de descobrir a eficácia destes remédios utilizados e as diferentes técnicas de uso dos mesmos.

 

Um aspecto relevante a ser observado no Quilombo Santo Antônio dos Pretos será o sistema de quintais agroflorestais. Esses quintais são utilizados para a complementação da obtenção de alimentos e outros recursos necessários à subsistência dos agricultores, sendo muito comum, dentro desses espaços, existirem locais destinados para o cultivo de hortaliças e plantas medicinais. Nesses quintais, a gestão está tanto com os homens quanto com as mulheres, onde ficam responsáveis pela manutenção e cultivo dos alimentos.

 

Análise e discussão dos resultados

 

O presente estudo foi realizado na Comunidade Quilombola Santo Antônio dos Pretos, localizado a 50 quilômetros do perímetro urbano do município de Codó-MA, às margens da MA 026, tem como cidades limítrofes os municípios de Codó e Governador Archer, apresentando como objeto da pesquisa as plantas medicinais na comunidade quilombola Santo Antônio dos Pretos, e suas peculiaridades dentro da medicina tradicional.

 

Foram entrevistados na comunidade 20 moradores. Entre os entrevistados, 14 são mulheres (70%) e 6 são homens (30%), onde as mulheres, demonstraram ter maior contato e conhecimentos acerca das propriedades medicinais das plantas. Dados semelhantes foram obtidos por Monteles e Pinheiro (2007) em uma comunidade Quilombola no Maranhão, onde sugerem que as mulheres dominam o conhecimento e as práticas de cultivo dos recursos vegetais. Sobre isso, Amorozo e Gely (1988) afirmam que as mulheres conhecem mais as plantas próximas às residências, enquanto os homens, as plantas de extração, que são coletadas na natureza.

 

Em relação à faixa etária dos entrevistados, a média apresentada é de 56,05, sendo que o intervalo de idade foi de 18 a 80 anos. Na comunidade, foi observado que os entrevistados de 18 a 28 anos de idade dão preferência ao uso de medicamentos convencionais, pois afirmam que é mais fácil e rápido no tratamento de doenças. Entretanto, os entrevistados de 52 a 80 anos de idade usam o meio tradicional das plantas medicinais como o primeiro método de tratamento, afirmando que o acesso aos hospitais é apenas em casos de emergência.

 

Dos entrevistados, 100% afirmam ter aprendido sobre o uso das plantas medicinais com os pais e/ou com os avós. Porém, observou-se que o conhecimento em relação ao tema mudou com a idade e com o gênero dos entrevistados, pois as pessoas mais idosas, como eram de se esperar, apresentavam mais informações e familiaridade com as plantas e seus usos. Nesse aspecto, Coelho et al. (2010), citam que as pessoas mais velhas são mais consultadas a respeito dos efeitos das plantas medicinais nas comunidades tradicionais. Pokhrel (2003) e Kffuri (2008) relatam que o conhecimento sobre esse tema, não tem sido transmitido às gerações mais novas, por isso os mais jovens demostram desinteresse pelo assunto.

 

Quanto ao grau de escolaridade dos informantes, 80% são analfabetos ou estudaram somente poucos anos do que chamamos hoje de primeiros anos do ensino fundamental; 10% concluíram o ensino fundamental, 10% concluíram o ensino médio e nenhum possui ensino superior. A principal atividade econômica da região é a agricultura de subsistência, sendo que 90% dos entrevistados são lavradores ou aposentados e 10% exercem atividades informais.

 

Um aspecto relevante observado no Quilombo Santo Antônio dos Pretos é o sistema de quintais agroflorestais. Estes são organizados tanto por homens quanto pelas mulheres, que ficam responsáveis pela manutenção e cultivo dos alimentos e plantas medicinais. De acordo com Freitas et al. (2012), esses quintais são utilizados como subsídio para a alimentação dos agricultores, onde dentro desses espaços, existem locais destinados para cultivo de hortaliças e plantas medicinais.

 

De acordo com os relatos dos moradores da Comunidade Quilombola Santo Antônio dos Pretos, a espécie Dysphania ambrosioides (Mastruz) é indicada para o tratamento de tuberculose, gastrite, inflamação e fraturas ósseas. Segundo as pesquisas de Morais et al. (2005), ela é largamente utilizada no nordeste brasileiro, onde as folhas são batidas no liquidificador com leite para tratamentos de gripe e, para ajudar na recuperação de fraturas ósseas de animais. Essa observação também foi constada nas comunidades rurais da Serra do Passa-Tempo, estado do Piauí por Almeida Neto et al. (2015).

 

Segundo Lorenzi e Matos (2008), essa espécie está relacionada como uma das mais utilizadas entre os remédios tradicionais do mundo inteiro. É famosa nas práticas caseiras como remédio para bronquite, tuberculose, problemas estomacais e atua como anti-helmínticos. A planta triturada é usada no tratamento de contusões e fraturas.

 

A espécie Sansevieria trifasciata popularmente conhecida como Espada de São Jorge pertence à família Asparagaceae, foi a segunda mais citadas pelos entrevistados. Segundo os moradores do quilombo, usa-se a raiz dessa planta para a preparação de chás; a mesma serve para inflamações no sistema geniturinário e para Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST). Não existe ainda nenhuma comprovação científica sobre esses dados.

 

A terceira espécie com o maior índice de relevância foi a Gymnanthemum amygdalinum (Boldo-da- Bahia). De acordo com os entrevistados, suas folhas são usadas no tratamento de doenças no intestino, fígado e como analgésico. Essa planta foi trazida da África para a Bahia, é cultivada em hortas e jardins domésticos sendo que somente suas folhas são utilizadas. É empregada tradicionalmente para a supressão de gases intestinais, insuficiência hepática e inflamação na vesícula (LORENZI e MATOS, 2008).

 

Na comunidade a obtenção das espécies, em sua grande maioria, é coletada diretamente na natureza, e uma outra quantidade delas são cultivadas nos quintais das residências. Oliveira et al. (2016) também informam uma predominância maior de plantas nativas, entre as espécies medicinais usadas pela população do município de Coelho Neto-MA. Entretanto, muitos moradores do quilombo afirmaram ter dificuldade em encontrar algumas das espécies nativas devido à destruição dos habitats naturais, intensificados por fatores como a formação de pastagens, queimadas durante o verão, o desmatamento na região e a criação de caprinos.

 

As principais formas de preparo das plantas medicinais foram: chá, uso utópico, garrafada, lambedor, banho, suco e outros que apareceram com menor frequência. Dentre as formas mais utilizadas para o uso das plantas medicinais observa-se uma predominância de chás, esse sendo preparados por decocção (40%) e infusão (17%).

 

De acordo com os relatos coletados, para o método de decocção, a(s) planta(s) são colocadas numa panela com água, deixando-a ferver por 15 a 25 minutos.  O modo de preparo por decocção é mais utilizado em partes das plantas mais duras como nas sementes, raízes, cascas, etc. O método de infusão, a água é fervida e derramada sobre a erva separada e cortada em outro recipiente, tampa-se a vasilha, deixando por cinco a 15 minutos, é ideal para folhas e flores.

 

Segundo Lorenzi e Matos (2008), os chás usados para os tratamentos do resfriado, gripe, bronquite e febre devem ser tomados bem quentes. E os indicados para males do aparelho digestivo, indigestão, mal-estar do estômago e diarreia devem ser tomados frios e gelados.

 

De acordo com os moradores da Comunidade Quilombola Santo Antônio dos Pretos, algumas plantas medicinais devem ter restrições quanto a sua forma de preparo, a quantidade utilizada e o uso, pois, algumas espécies podem causar riscos. As restrições estendem-se as mulheres grávidas, crianças, pessoas com pressão alta, pressão baixa, diabéticos entre outros.

 

Muitas plantas contêm substâncias tóxicas que ao serem consumidas podem ser prejudiciais aos organismos vivos. Essas substâncias seriam formadas com a função de defender a espécie de seus predadores (MENGUE et al. 2001). 

 

Por conta de suas religiosidades os moradores do quilombo Santo Antônio dos Pretos expressa uma relação de grande intimidade com os elementos da natureza. Entretanto eles citam diversas espécies de plantas que são utilizadas como medicinais e místicas.

 

De acordo com Albuquerque (2005), as interações pessoas/plantas não se dão apenas ao nível médico e terapêutico, mas principalmente, em nível mágico-religioso. As plantas podem provocar visões do mundo dos espíritos, afastam a má-sorte e induzem bem-estar nas diversas fórmulas mágicas.

 

Nas religiões afro-brasileiras existe uma relação entre os deuses e os elementos da natureza, ou seja, sem estes a religião não existiria, pois, a mesma depende, essencialmente, de cada um para sua efetivação e eficácia. Há divindades ligadas à água, à terra, ao fogo às matas, entre outros (MEIRA, 2013).

 

Segundo Fintelmann e Weiss (2010), o objetivo da fitoterapia é além da planta em si mesma, descobrir suas condições de vida e sua composição de substâncias. O conhecimento detalhado do somatório de substâncias de uma planta deve estar relacionado com a revelação do segredo da composição, com o “vínculo espiritual”.

 

Considerações finais

 

A realização desta pesquisa permitiu identificar alguns aspectos relevantes sobre o uso e o conhecimento de plantas medicinais no Quilombo Santo Antônio dos Pretos. As plantas medicinais utilizadas para o tratamento de enfermidades, pesquisadas nesse estudo, tem como ponto de partida os saberes populares, e sua correlação com os saberes científico, expressa uma tradição cultural, da experiência pessoal, repassadas de geração em geração.  Os entrevistados do quilombo conhecem e utilizam com frequência as plantas medicinais, um dos fatores relevantes seria o baixo poder aquisitivo, pois sem meios para buscar outras fontes de medicamentos eles as utilizam para suprir suas necessidades básicas, relacionadas a saúde, já que a comunidade também não possui hospital e nem posto de saúde.

 

As mulheres do quilombo aglutinam em seu conhecimento tradicional uma vasta sabedoria com plantas medicinais que são utilizadas para tratamento e prevenção de doenças do corpo e da alma. Os vegetais também são muito utilizados na visão mítica do grupo, porém como é uma prática mais específica, não coube nesse momento de a pesquisa avançar nessa categoria, já que, os informantes apenas citaram as espécies usadas em sua tradição ritualística.

 

Dentro dessa perspectiva, ousamos afirmar que o aprimoramento do conhecimento e uso tradicional de plantas medicinais, realizados de forma adequada, contribuem significativamente para a melhoria do bem-estar da população. Portanto, espera-se que essa pesquisa tenha continuidade, objetivando colaborar para a conservação das espécies e para o enriquecimento e valorização do saber popular.

 

Referência biográfica

 

Antonio Xavier Miranda Neto, licenciando em História pela Universidade Estadual do Maranhão – UEMA.

 

Referências bibliográficas

 

ALBUQUERQUE, U.P. Introdução à etnobotânica. 2.ed. Rio de Janeiro: Interciência, 2005.

 

ALMEIDA, M. Z. Plantas Medicinais. 3 ed. Salvador, Bahia: EDUFBA, 2011.

 

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ALVES DL, SILVA CR. Fitohormônios: abordagem natural da terapia hormonal. São Paulo: Atheneu; 2002.

 

AMOROZO, M.C.M.; GÉLY, A.L. Uso de plantas medicinais por caboclos do baixo Amazonas, Barcarena, PA, Brasil. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, Série Botânica 4(1): 47-131. 1988.

 

ASSUNÇÃO, Matthias Röhrig. Quilombos Maranhenses In: Liberdade por um fio: história dos quilombos no Brasil (org.) REIS, João José, GOMES, Flavio dos Santos. São Paulo: Cia. das Letras, 1996.

 

BALICK, M.J. & COX, P.A. 1997. Plants, people and culture. New York: Scientific American Library.

 

BIESKI, I. G. C. Plantas medicinais e aromáticas no Sistema Único de Saúde da região sul de Cuiabá-MT. 2005. 92 f. Monografia (Especialização em Plantas Medicinais) Departamento de Agricultura, Universidade Federal de Lavras, Minas Gerais. 2005. Disponível em: http://www.esalq.usp.br/siesalq/pm/isanete3.pdf. Acesso em: 10 Nov. 2017.

 

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. A
fitoterapia no SUS e o Programa de Pesquisa de Plantas Medicinais da Central de
Medicamentos. Brasília: Ministério da Saúde, 2006.

 

COELHO, J.M.; ANTONIOLLI, A.B.; SILVA, D.N.; CARVALHO, T.M.M.B.; PONTES, E.R.J.C. O Efeito da sulfadiazina de prata, extrato de ipê-roxo e extrato de barbatimão na cicatrização de feridas cutâneas em ratos. Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, v. 37, n. 1, 2010.

 

FINTELMAN, V.; WEISS, R. Manual de Fitoterapia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.

 

FREITAS, A. V. L.; COELHO, M.  F. B.; MAIA, S. S. S.; AZEVEDO, R. A. B. Plantas medicinais: um estudo etnobotânico nos quintais do Sítio Cruz, São Miguel, Rio Grande do Norte, Brasil. Revista Brasileira de Biociência. Porto Alegre, v. 10, n. 1, p. 48-59, jan. /mar. 2012.

 

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em <http://cod.ibge.gov.br/GB6> Acesso em: 26 de dezembro de 2016.

ITERMA- Instituto de Terras do Maranhão [2016]. Disponível em: <http://www.cpisp.org.br/comunidades/html/i_brasil_ma.html> Acesso em: 26 de dezembro de 2016.

 

KFFURI, C.W. Etnobotânica de plantas medicinais no município de 2008 Senador Firmino (Minas Gerais).2008. 88f. Dissertação (Mestrado Fitotecnia) - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, Minas Gerais, 2008.

 

LORENZI, H; MATOS, F. J. A. Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas cultivadas. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2002.

 

LORENZI, H; MATOS, F. J. A. Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2º ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2008.

 

MEIRA, C. S. Plantas do axé e sua fundamentação religiosa: um estudo de caso no terreiro de Umbanda “Caboclo Boiadeiro” (fazenda Buraco do Boi – Poções/ Bahia). 2013. 129p. Dissertação (Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais) - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB – Campus de Itapetinga, 2013.

 

MENGUE, S.S.; MENTZ, L.A.; SCHENKEL, E.P. Uso de plantas medicinais na gravidez. Revista Brasileira de Farmacognosia, v.11, n. 1, p. 21-35, 2001.

 

MONTELLES, R.; PINHEIRO, C. U. B. Plantas medicinais em um Quilombo Maranhense: Uma perspectiva etnobotânica. Revista de Biologia e Ciência da terra. Campina Grande, v.7, n. 2, p. 38-48, 2007.

 

MORAIS, S. M. DANTAS, J.D.P., SILVA, ARAÚJO, A.R & MAGALHAES, E. F. Plantas medicinais usadas pelos índios Tapebas do Ceará. Revista brasileira de farmacognosiav. 15, n. 2, p. 69-177, 2005.

 

OLIVEIRA, M. S.; SILVA, E. O.; GUARÇONI, E. A. E.; SANTOS JUNIOR E. G. Conhecimento e uso tradicional das espécies madeireiras e medicinais utilizadas no município de Aldeias Altas, Maranhão, Brasil. Enciclopédia Biosfera, Centro Científico Conhecer – Goiânia, v. 13, n. 24, p. 1160-1773, 2016.

 

POKHREL, R.; SHRESTHA, R.; SHARMA, R.K. Indigenous medicinal plants and their socio-economic and cultural significance in the Newar community of Nepal: a case-study of Bungmati VDC, Lalitpur. People and plants working paper 12. 2003.

 

VEGARA, Sylvia Constant. Projetos e Relatórios de Pesquisa em Administração.12. ed. São Paulo: Atlas, 2010.


10 comentários:

  1. Parabéns pelo trabalho, muito interessante a sua proposta.

    - Como correu a escolha pela comunidade Quilombola Santo Antônio dos Petros?
    - A sua pesquisa nos apresenta a figura das mulheres como detentoras dos conhecimentos medicinais, realmente a dinamica é essa ou eu entendi errado?


    elaine alves da silva-elainealvesdenatal@gmail.com

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    1. Olá Elaine! A escolha da comunidade Quilombola Santo Antonio dos Pretos, deu-se através do contato com docentes que atuam na localidade, além da mesma ser o berço da religião de matriz afro o "Terecô".

      A religião predominante na comunidade não restringe seu líder à figura da mulher, porém há uma predominância da figura feminina como líder do centro religioso na comunidade quilombola em estudo.

      Antonio Xavier Miranda Neto

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  2. Parabéns pela pesquisa, muito interessante sua reflexão sobre a utilização de ervas medicinais, no Quilombo Santo Antônio dos Pretos. A partir da discussão apresentada, como é o processo de aprendizado para conhecer os tipos de plantas e suas funções no processo de cura? Gostaria de saber qual a relação da comunidade, com as pessoas que conhecem e utilizam esses saberes ancestrais?
    Lorena Michelle Silva dos Santos

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    1. Olá Lorena!
      O processo de aquisição de conhecimento sobre identificação de espécies, e conhecimentos se somarem à prática de campo que, aos poucos, são transformados em sabedoria. As pessoas que utilizam esses saberes, são nativos da comunidade em estudo, logo os conhecimentos foram passados de geração em geração, e mantem-se na comunidade, na qual continua-se a ensinar para as novas gerações que estão surgindo.

      Antonio Xavier Miranda Neto

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Parabéns pelo trabalho e por trazer informações ponderosas a respeito do tema!

    Ainda hoje é possível observar, sobretudo predominantemente na população idosa, conhecimentos herdados do uso de plantas medicinais para curar enfermidades, seja em chás, garrafadas ou tinturas. Seu uso, como abordado no texto, em grande maioria, ou de forma unânime, remete a tradições religiosas e a crença da cura de enfermidades do corpo e da alma.
    - Qual seria o motivo que desencadeou o notório desinteresse apresentado pelos mais jovens sobre o assunto? A perda da religiosidade e o acesso desses jovens a um novo mundo, moderno, volátil e tecnológico, seria o fator principal para essa questão?

    Lucas Santiago Celestino da Cruz

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    1. Olá Lucas!
      A participação dos negros nas manifestações de origem católica poderia representar a conversão religiosa dessas populações e a perda de sua identidade.

      Antonio Xavier Miranda Neto

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  5. Trabalho lindo, parabéns! Gostaria de saber se a cidade em que se encontra essa comunidade quilombola ampara de forma correta essa população.

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    1. Olá Emanuelle.
      A comunidade remanescente de quilombo situa-se numa área de preservação. Os moradores da comunidade recebem assistência do poder publico, embora que escasso, assim como também de entidades não governamentais.

      Antonio Xavier Miranda Neto

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  6. Boa escolha no tema, relatando como as comunidades quilombolas, contribuiu e contribui para os esclarecimentos sobre a medicina popular através de plantas, que são encontradas de forma fácil e eficaz na colaboração das enfermidades da população.

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