Debora Simões de Souza Mendel

NÃO SABIA QUE EXISTIAM FILÓSOFAS NEGRAS: OS PROCESSOS DE CONSTRUÇÃO DA INVISIBILIDADE NEGRA

 

O título deste trabalho é a elaboração de um exercício intelectual de produção textual sobre o questionamento que tive em sala de aula após mostrar a capa do livro “Lugar de Fala” da filósofa Djamila Ribeiro (2017). Foi uma aula de História ministrada para uma turma de terceiro ano do ensino médio técnico da instituição pública a qual trabalho. Para mim aquele apontamento foi certeiro, pois, um indivíduo prestes a se formar iria sair da escola sem ter conhecimento da produção intelectual de sujeitos outros.

 

Uma indagação que me marcou enquanto professora/ mulher/ negra/ intelectual/ pesquisadora. Pois, diante dos discentes, não era somente a autora do livro em questão que estava sendo apagada e silenciada a olhos vistos, eu também era alvo desta invisibilização. Esse movimento me fez questionar o imaginário social a respeito do intelectual produtor dos conhecimentos oficiais. A representação deste não se encerra dentro das quatro paredes da escola, ela é a elaboração de um personagem caricato que permeia e atravessa a concepção de toda uma sociedade.

 

O choque manifesto por se deparar com um sujeito outro produtor de conhecimento em uma aula de História fez com que o aluno explanasse sua descoberta. Uma cruel descoberta que desvela o “véu do racismo” (DU BOIS, 1999) exposto por Du Bois em sua tese de doutorado defendida na universidade de Harvard no final do século XIX. Segundo Du Bois, o recorte racial envolve o negro em um véu que o aprisiona em uma realidade isolada de qualquer forma de reconhecimento ou integração social, o véu proporciona:

 

“Uma sensação estranha, essa consciência dupla, essa sensação de estar sempre a olhar com os olhos dos outros, de medir a própria alma pela medida de um mundo que continua mirá-lo com divertido desprezo e piedade. E sempre a sentir sua duplicidade – americano, e Negro; duas almas, dois pensamentos, dois esforços irreconciliados; dois ideais que se combatem em um corpo escuro cuja força obstinada unicamente impede que se destroce” (DU BOIS, 1999, p. 54).

 

Para além da abordagem do sociólogo norte americano, o debate racial também se tornou o principal tema de pesquisa do psiquiatra martinicano Frantz Fanon. Em “Pele negra, máscaras brancas” (2008), Fanon já chamava atenção para o enclausuramento do negro em um espaço de não existência dentro da sociedade moderna: “mesmo expondo-me ao ressentimento de meus irmãos de cor, direi que o negro não é um homem. Há uma zona de não-ser, uma região extraordinariamente estéril e árida” (FANON, 2008, p.26). Esta “zona de não-ser” silencia e isola o sujeito negro colocando-o em um patamar inferior, infantilizando, bestializando e desumanizando.

 

O silenciamento e a desumanização fazem parte da fórmula básica que invisibilizou mulheres e homens negros enquanto produtores de conhecimento, enquanto detentores de epistemes. A cor da pele envolve e delimita espaços de existência e de não-existência para o sujeito, de acordo com Fanon, “epidermiza o racismo” reproduzido pelo olhar colonial e é percebido pelo corpo negro. Este assunto é abordado pelo sociólogo Joaze Bernardino-Costa:

 

“A epidermização do racismo, ideia-chave apresentada no capítulo ‘a experiência vivida do negro’, remete à discussão sobre a percepção fenomenológica do corpo negro pelo outro imperial e racista. [...] Todavia, este mesmo corpo, objetificado e visto, é o corpo que vê, age e reflete conscientemente sobre o mundo. Diferentemente da noção dominante no pensamento ocidental que supõe a separação entre corpo e alma (Quijano, 2005), o corpo permite uma perspectiva situada no mundo. O corpo é visto pelo outro, vê o outro e permite-nos imaginar como o outro nos vê.” (BERNARDINO-COSTA, 2016, p. 506).

 

A experiência do racismo é tão violenta e atravessadora que aparece nas teses de Du Bois e Fanon, ambos são colocados em situações de inferiorização e negação racista. Em Du Bois, a experiência da demarcação da racial do “véu” ocorre em sua infância, dentro de sua escola com a troca de cartões de visitas entre os demais amigos:

 

“A troca foi alegre até que uma menina alta, recém-chegada, recusou meu cartão. Recusou-o peremptoriamente, com um olhar. Então me ocorreu, com certa urgência, que era diferente dos outros; ou talvez semelhante no coração, na vida e nos anseios, mas isolado do mundo deles por um imenso véu. Dali em adiante, não senti qualquer desejo de rasgar esse véu.” (DU BOIS, 1999, p. 53)

 

O relato de Fanon sobre a epidermização do racismo (BERNARDINO-COSTA, 2016, p. 506) é relatada pela triste experiência do psiquiatra em meio ao cotidiano:

 

“Mamãe, olhe o preto, estou com medo!” Medo! Medo! E começavam a me temer. Quis gargalhar até sufocar, mas isso tornou-se impossível. Eu não agüentava mais, já sabia que existiam lendas, histórias, a história e, sobretudo, a historicidade que Jaspers havia me ensinado. Então o esquema corporal, atacado em vários pontos, desmoronou, cedendo lugar a um esquema epidérmico racial. No movimento, não se tratava mais de um conhecimento de meu corpo na terceira pessoa, mas em tripla pessoa. No trem, ao invés de um, deixavam-me dois, três lugares.” (Fanon, 2008, p. 105-106).

 

Em meu caso, sou professora de um colégio público, estou trabalhando um tema que para mim é muito caro e ouço as seguintes frases: “Não sabia que existiam filósofas negras!” e “eu nunca tinha lido uma autora negra!”. Estas duas frases foram o suficiente para que eu problematizasse a minha invisibilização diante de meus alunos. Uma problemática que proponho compreender através de uma bibliografia decolonial, além de buscar alternativas pedagógicas emancipatórias. Este exercício tem por finalidade a conscientização de meus alunos e alunas para o fato de que, ao não me enxergarem enquanto uma intelectual negra, eles e elas também estão se desumanizando.

 

Colonialidade e racismo

 

Compreendo o racismo enquanto um legado colonial estabelecido através da imposição de fronteiras, classificação e hierarquização de seres humanos. Este modelo, que pode ser entendido como matriz da “colonialidade do poder” analisado por Anibal Quijano (2009), alicerçou-se através da racialização dos povos. Segundo Quijano, a exploração colonial ultrapassou a dominação política e social dos colonizados, onde a “colonialidade do poder” atuaria intersubjetivamente nos corpos dos sujeitos subjugados e atravessados pela experiência da raça enquanto classificação social. Essa classificação racial também atuaria na divisão e na organização do trabalho e do estado. Para o sociólogo peruano, a racialidade é o principal pilar de dominação dos colonizados, matriz de dominação esta que colocou a modernidade enquanto padrão de produção de saber universal, a “colonialidade do saber”. Em resumo, a racialidade é a outra face da racionalidade/modernidade/humanismo europeu.

 

As armas coloniais impuseram a estrutura eurocêntrica, mas a “colonialidade do poder” deu a base, manutenção e perpetuação da hegemonia eurocentrada. A chave de dominação se fez através do controle de produção epistêmica como único modelo possível. Isso se deu através do assassinato de qualquer forma saberes para além do continente europeu, naquilo que Boaventura de Souza Santos (1995) denominaria de “epistemicídio”. Walter Mignolo (2017) compreende que a centralização epistêmica moderna também se deu através da “colonialidade do ser”, uma forma de concentração ontológica no padrão europeu enquanto universal, as custas da desumanização do restante da humanidade. Os efeitos da “colonialidade do ser” é a universalização de uma ontologia branca/patriarcal/heteronormativa/cristã/capitalista enquanto único modelo possível e a desumanização de qualquer modo outro de pensamento.

 

O interessante é ver os efeitos da dominação colonial nos dias atuais, onde a colonialidade não só silenciou como silencia qualquer sujeito outro de produção de conhecimento. O imaginário do filósofo enquanto homem, branco e europeu manifesta-se enquanto os ecos da “colonialidade do saber” e do ser nas salas de aula nos dias atuais.

 

A elaboração de um modelo patriarcal hegemônico tem como primeiro resultado o silenciamento da metade da população, pois as mulheres são apagadas enquanto sujeitos histórico-sociais. Catherine Walsh(2007) compreende a raça enquanto instrumento de classificação e controle social ligado diretamente ao desenvolvimento do capitalismo mundial. Seus efeitos se manifestam na: destruição das comunidades (indígenas, quilombolas, etc.); no “epistemicídio” através da “colonialidade do saber”; na desumanização dos sujeitos outros através da “colonialidade do ser”; e na racialização da humanidade através da “colonialidade do poder”. Walsh propõe um enfrentamento deste padrão de poder através de pedagogias decolonias que dialoguem com saberes outros:

 

“Por ende, su proyecto se construye a la mano con la de-colonialidad, como herramienta  que ayude visibilizar estos dispositivos de poder, y como estrategia que intenta construir  relaciones –de saber, ser, poder y de la vida misma- radicalmente distintas. Eso sería, utilizando las categorías de Boaventura de Sousa Santos, un proyecto que provoca  cuestionar las ausencias – de saberes, tiempos, diferencias, etc. – y pensar y trabajar “a  través de la ampliación simbólica de pistas o señales” de la experiencia misma,  particularmente de los movimientos sociales.” (WALSH, 2007, p. 11).

 

Walsh entende a pedagogia – ou pedagogias – decolonial enquanto possibilidade de enfrentamento à mácula que o racismo nos legou. Humanizar os saberes outros é uma questão de disputa política e ela se insere diretamente no currículo escolar (GOMES, 2018). Neste quesito o movimento negro foi de suma importância para a elaboração da lei 10.639/03 que tornou obrigatório o ensino de História da África e da cultura afro-brasileira em História, Literatura e Educação Artística (GOMES, 2012).

 

Formas de enfrentamento

 

A primeira atitude que tive foi ler junto aos alunos e alunas o discurso de Sojourner Truth, uma ex-escravizada abolicionista e ativista dos direitos da mulher. A fala foi proferida em 1851 na Convenção dos Direitas da Mulher, na cidade de Akron, em Ohio nos Estado Unidos (RIBEIRO, 2017, p.18). Por mais extensa que seja a citação, convido os leitores e leitoras que não conheçam se aprofundarem na leitura:

 

“Muito bem crianças, onde há muita algazarra alguma coisa está fora da ordem. Eu acho que com essa mistura de negros (negroes) do Sul e mulheres do Norte, todo mundo falando sobre direitos, o homem branco vai entrar na linha rapidinho.

 

Aqueles homens ali dizem que as mulheres precisam de ajuda para subir em carruagens, e devem ser carregadas para atravessar valas, e que merecem o melhor lugar onde quer que estejam. Ninguém jamais me ajudou a subir em carruagens, ou a saltar sobre poças de lama, e nunca me ofereceram melhor lugar algum! E não sou uma mulher? Olhem para mim? Olhem para meus braços! Eu arei e plantei, e juntei a colheita nos celeiros, e homem algum poderia estar à minha frente. E não sou uma mulher? Eu poderia trabalhar tanto e comer tanto quanto qualquer homem – desde que eu tivesse oportunidade para isso – e suportar o açoite também! E não sou uma mulher? Eu pari 3 treze filhos e vi a maioria deles ser vendida para a escravidão, e quando eu clamei com a minha dor de mãe, ninguém a não ser Jesus me ouviu! E não sou uma mulher?

 

Daí eles falam dessa coisa na cabeça; como eles chamam isso… [alguém da audiência sussurra, “intelecto”). É isso querido. O que é que isso tem a ver com os direitos das mulheres e dos negros? Se o meu copo não tem mais que um quarto, e o seu está cheio, porque você me impediria de completar a minha medida?

 

Daí aquele homenzinho de preto ali disse que a mulher não pode ter os mesmos direitos que o homem porque Cristo não era mulher! De onde o seu Cristo veio? De onde o seu Cristo veio? De Deus e de uma mulher! O homem não teve nada a ver com isso.

 

Se a primeira mulher que Deus fez foi forte o bastante para virar o mundo de cabeça para baixo por sua própria conta, todas estas mulheres juntas aqui devem ser capazes de conserta-lo, colocando-o do jeito certo novamente. E agora que elas estão exigindo fazer isso, é melhor que os homens as deixem fazer o que elas querem.

 

Agradecida a vocês por me escutarem, e agora a velha Sojourner não tem mais nada a dizer.”

(Link: https://www.geledes.org.br/e-nao-sou-uma-mulher-sojourner-truth/)

 

A fala de Sojourner é pulsante e atravessada pela experiência da desumanização da mulher negra em meados do século XIX, mas que tornou-se bem atual para responder as falas de meus alunos. Utilizei essa leitura para a abertura de um debate sobre a invisibilização da mulher negra enquanto ativista e intelectual (GONZALEZ, 2020). A frase “eu não sou uma mulher?” ecoa como um grito por de trás do “véu da raça”, como uma explosão ensurdecedora proveniente da “zona do não-ser”. Foi com os efeitos deste debate que tive a ideia de reorganizar meu currículo de História para discutir junto aos meus alunos e alunas outro trabalho de Djamila Ribeiro, “Pequeno Manual Antirracista” (2019). A proposta foi a elaboração de seminários divididos pelos grupos das turmas de ensino médio, cada grupo se responsabilizava por um capítulo diferente. Os textos de Djamila Ribeiro traziam para o universo da sala de aula um universo silenciado, mas nunca silencioso, pulsante e potente que atravessou o corpo e alma dos discentes da escola pública do interior da Bahia.

 

Tais propostas de ensino entram em consonância com a proposta de uma pedagogia libertadora e decolonial. Retomando Catherine Walsh, a autora estabelece um diálogo com Paulo Freire para demonstrar o quanto as contribuições da pedagogia da libertação e a decolonial se alinham no processo de conscientização para a humanização e emancipação do sujeito colonializado:

 

“La deshumanización – entendida como “el resultado de un orden injusta que genera la violencia de los opresores, lo que, en cambio, deshumaniza los oprimidos”- es, para Freire, una distorsión de la vocación de hacerse más plenamente humano. Enfrentar este problema haciendo que el hombre llega a tener consciencia de esta condición y que reconozca la necesidad de luchar por la restauración de su humanidad, son pasos necesarios –pero no únicos- en su pedagogía y praxis humanista y liberatoria hacia la  emancipación.46 La creación de estructuras socio-educativas que equipan los  “oprimidos” con las herramientas necesarias para des-velar las raíces de su opresión y  deshumanización, identificar sus estructuras, y actuar sobre ellas, también son  componentes céntricos.” (WALSH, 2007, p. 19).

 

Referências Biográficas

 

Dra. Debora Simões de Souza Mendel, professora de História do Instituto Federal da Bahiano - Campus Guanambi. Doutora pelo Programa de Pós Graduação em Antropologia Social (PPGAS) da Universidade Federal do Rio de Janeiro – Museu Nacional (UFRJ/MN).

 

Referências Bibliográficas

 

BERNARDINO-COSTA, Joaze. A prece de Frantz Fanon: Oh, meu corpo, faça sempre de mim um homem que questiona! In: Civitas, Porto Alegre, v. 16, n. 3, p. 504-521, jul.-set. 2016.

 

DU BOIS, William Edward Burghardt. As Almas da Gente Negra. Rio de Janeiro: Lacerda Ed., 1999.

 

FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas. 1ª. Edição 1951. Salvador: EDUFBA, 2008.

 

GOMES, Nilma Lino. MOVIMENTO NEGRO E EDUCAÇÃO: RESSIGNIFICANDO E POLITIZANDO A RAÇA. In: Educ. Soc., Campinas, v. 33, n. 120, p. 727-744, jul.-set. 2012.

 

GOMES, Nilma Lino. O Movimento Negro e a intelectualidade negra descolonizando os currículos. In: BERNARDINO-COSTA, Joaze; TORRES, Nelson Maldonado; GROSFOGEL, Ramón. Decolonialidade e pensamento afrodiaspórico. Belo Horizonte : Autêntica Editora, 2018.

 

GONZALEZ, Lélia. Por um feminismo afro-latino-americano: ensaios, intervenções e diálogos. Rio de Janeiro: Zahar, 2020.

 

MIGNOLO, Walter. COLONIALIDADE O lado mais escuro da modernidade. In: RBCS. Vol. 32 n° 94 junho/2017.

 

RIBEIRO, Djamila. O que é: lugar de fala? Belo Horizonte(MG): Letramento: Justificando, 2017.

 

RIBEIRO, Djamila.  Pequeno Manual Antirracista. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.

 

QUIJANO, Aníbal. COLONIALIDAD Y MODERNIDAD/RACIONALIDAD. In: Perú Indíg. 13[29]: 11-20, 1992.

  

QUIJANO, Aníbal.  A colonialidade do poder e classificação social. In: SOUZA SANTOS, Boaventura e MENESES, Maria Gutierrez [orgs.]. Epistemologias do Sul. Coimbra: CES, 2009.

  

SOUZA SANTOS, Boaventura. PELA MÃO DE ALICE: O social e o político na pós-modernidade. São Paulo: Cortez, 4. ed, 1997.

 

SOUZA SANTOS, Boaventura e MENESES, Maria Gutierrez [orgs.]. Epistemologias do Sul. Coimbra: CES, 2009.

 

WALSH, Catherine. Interculturalidad Crítica/Pedagogia decolonial. In: Memórias del Seminário Internacional “Diversidad, Interculturalidad y Construcción de Ciudad”, Bogotá: Universidad Pedagógica Nacional 17-19 de abril de 2007.


28 comentários:

  1. Bom dia, Débora! Parabéns pelo artigo, um tema muito importante de ser abordado em sala de aula. Como podemos contornar essa questão da invisibilização das pessoas negras produtoras de conhecimento por parte dos alunos quando grande parte dos professores baseia-se somente em livros didáticos, que muitas vezes nem abordam esse tema?

    Ana Paula Sanvido Lara

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    1. Bom dia Ana Paula, muito obrigada pela leitura e pelo comentário, que na verdade é um questionamento importante. De fato, o livro de didático muitas vezes é o único material pedagógico utilizado pelo professor, diante dessa realidade, precisamos estar atentos no processo de escolha do livro promovido pelo Programa Nacional do Livro de Didático (PNLD), porque temos direito no processo de seleção. Assim, analisar se o livro tem mulheres negras no conjunto de autores/autoras é um meio, outro é analisar como o livro trata os saberes negros (se é que os trata como tais). A partir do contexto, da utilização exclusiva do livro de didático é imperativo que façamos um escolha assertiva porque no contexto da taxação dos livros e a falta de acesso de livros por parte dos alunos, muitas vezes numa casa só entra o livro didático e nas escolas públicas eles são distribuidos para os alunos, essa ação é politica pública de democratização da educação (sempre gosto de lembrar disso). Ana, mais uma vez obrigada por seu pergunta, pois ela fez florescer diversas questões. Aproveito para te indicar meu instagram @pretanahistoria onde produzo conteúdo sobre racismos, feminismo, feminismo negros, entre outras questões.

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  4. Boa tarde, Débora. Gostei bastante do seu artigo, considero esse texto da Sojourner Truth viceral e necessário para compreendermos a invisibilidade das mulheres negras/intelectuais e o protagonismo delas na nossa história.

    Gostaria de saber um pouco mais: Como foi a sua experiência (recepção e aprendizagens das/os alunas/os) ao levar Sojourner Truth para sala de aula?

    Autoria: Janaina Rodrigues Pitas

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    1. Olá Janaina, muito obrigada pela leitura e análise do artigo. Sobre sua pergunta: a recepção foi. de forma geral, positiva e sempre havia um espanto acerca o papel social da Sojouner como se ela estivesse deslocada. Sendo bem sucinta, eles se espantavam pelo papel ativo da abolicionista. Acho que o Sojouner é potente e expressa um braço da luta contra a discriminação que é a luta junto as mudanças das leis ou mesmo para fazer valer a lei, como o abolicionista negro Luiz Gama.
      Janaina, aproveito para indicar meu instagram onde posto conteúdos e reflexões sobre a temática debatida.

      Debora Simões de Souza Mendel

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  5. Olá Débora!
    Devo primeiramente parabenizá-la pelo excelente trabalho exposto aqui.
    O assunto discutido no seu texto é extremamente importante para tentar tornar a educação no nosso país mais libertadora e justa, principalmente para as mulheres negras, que ainda lutam por um espaço digno e por reconhecimento.

    Milena Silvério Ferreira

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    1. Olá Milena, muito obrigada pela sua leitura atenta ao trabalho, por sua contribuição e pelo incentivo. Concordo sobre a importância da temática abordada, é necessário para uma educação antirracista. Me adiciona no instagram @pretanahistoria podemos continuar nossa conversa.

      Debora Simões de Souza Mendel

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  6. Boa-noite, professora Débora!
    Parabéns pela coragem desafiadora de escrever este artigo! Ao ler, me vi nele. Por quê? Por ser baiana, negra, mulher, educadora, mãe, militante dos movimentos sociais...e que, para ir trilhando esses caminhos, muitos gestos, palavras de racismo e preconceito sofri. E, no ano de 2014, fiz uma segunda pós, sobre CULTURA AFRICANA E AFRO- BRASILEIRA. Eis o que pus no resumo: "Foi o eurocentrismo que, com a visão de superioridade e branqueamento, escreveu a história brasileira e relegou à mulher o papel de segunda ordem, de submissão ao patriarcado e negou-lhe seus direitos por muito tempo. Em relação à mulher afrodescendente ou negra, a negação foi mais demorada e visível. Haja vista, essa ser tratada como objeto de uso sexual, como pessoa de cor inferior e estar sujeita aos diversos estereótipos. Por outro lado, a luta foi o símbolo de resistência de muitas mulheres que quebraram tabus e filosofias racistas profetizadas pelos seus “colonizadores”. Então,costumo também provocar meus alunos de 6º ao 9º, nas redes pública e privada. Entro com o conteúdo X, depois adentro neste campo das DIVERSIDADES! Recentemente,sugeri as mulheres negras de destaque de ontem e de hoje no Brasil.E assim, tenho canalizado bastante sobre as questões que permeiam nosso cenário de mulheres-negras, que já foram líderes ou são, que já tivemos escritoras e ainda temos;que na religião católica ainda somos minoria, apesar da postura do atual papa ser maleável; que no candomblé, a ialorixá é a figura central da mulher que comanda e acolhe. Enfim, a luta é grande, porque a visão de mulher negra para essa sociedade "embranquecida",que ainda bebe do indigesto século XIX neste aspecto,configura o IMPERIALISMO que vigorou na Europa e o nosso lado brasileiro romantizou, por meio da mistura de etnias(MITO DA MISCIGENAÇÃO) e, juntamente com a imigração vinda a partir de 1870, aplica o golpe do BRANQUEAMENTO RACIAL. Infelizmente, ainda perpassa a péssima ideia de que ser negra é ser burra, analfabeta, pobre, feia,etc. Mas, avante!Eis o seu exemplo, o meu e de tantas outras MULHERES NEGRAS INTELECTUAIS!

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    1. Ivanize, primeira força e seguiremos juntas! Muito obrigada por suas contribuições você formulou reflexões que enriquecem nossa reflexão e nossa prática educacional. Só tenho que concordar com você que nossa luta de antiga e ela articula outros tempos (presente e passado). Mais uma vez obrigada. Me segue no instagram @pretanahistória lá posto conteúdos que você irá gostar.

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  7. Boa noite! O seu texto está de parabéns, eu como mulher negra e graduanda em história sempre me questionei a respeito do meu local de fala e das representatividades que eu tinha. Resolvi observar como minhas colegas negras sobreviviam ao nível superior; não é nada fácil, começa com o próprio espaço que nos é cedido nos debates, que são poucos, e no enfretamento pessoal para chegar até ali. Somos tratadas como as subcategorias do ensino, sou grata por mulheres como a Djamila existirem e fazerem a diferença, grata também a você pela iniciativa com os seus alunos. Somos descendentes de um povo que mal pode se nomear - aceitou do branco que era negro e ouviu que não tinha alma.


    Leitora: Karoline Pinheiro da Silva

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  8. Olá, primeiramente gostaria de parabenizar pelo excelente texto. Já é de conhecimento de muitos pesquisadores e intelectuais que diversos nomes importantes da história, filosofia, entre diversas outras áreas, foram omitidos ou simplesmente desvalorizados frente à outros nomes de pessoas predominantemente brancas. Trazer esses grandes nomes para dentro da sala de aula poderia ajudar a desfazer essa cultura racial de supremacia intelectual "branca". Como na mencionada experiência, relatar e trabalhar com intelectuais negros dentro de sala de aula e dar-lhes os devidos créditos ajudou na mudança de visão dos alunos? Ajudou a fazê-los entender a igualdade entre as pessoas, sem a presença do quesito raça?


    Crislli Vieira Alves Bezerra

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  9. Boa tarde a todos parabenizo a autora Debora Simões de Souza Mendel, pelo trabalho denominado Não sabia que existiam filósofas negras: os processos de construção da invisibilidade negra, onde a mesma aborda que o silenciamento e a desumanização fazem parte da fórmula básica que invisibilizou mulheres e homens negros enquanto produtores de conhecimento, enquanto detentores de epistemes. A cor da pele envolve e delimita espaços de existência e de não existência para o sujeito, de acordo com Fanon, “epidermiza o racismo” reproduzido pelo olhar colonial e é percebido pelo corpo negro. Este assunto é abordado pelo sociólogo Joaze Bernardino-Costa.

    Assina: Francielcio Silva da Costa.
    Graduado em História pela UESPI- Universidade Estadual do Piauí.

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  10. Quais são as principais filosofas negras brasileiras na atualidade ?

    Assina: Francielcio Silva da Costa.
    Graduado em História pela UESPI- Universidade Estadual do Piauí.

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  11. Por que a mulher negra foi invisibilizada ao longo da História?

    Assina: Francielcio Silva da Costa.
    Graduado em História pela UESPI- Universidade Estadual do Piauí.

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  12. O que lhe motivou Debora Simões de Souza Mendel a realizar esta pesquisa?

    Assina: Francielcio Silva da Costa.
    Graduado em História pela UESPI- Universidade Estadual do Piauí.

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    1. Francielcio, obrigada por sua participação. Fui motivada, sobretudo, por meu lugar social (mulher e negra) e por saber dos processos de apagamento da produção cientifica das intelectuais negras.

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  13. Muito interessante a sua temática (que também é uma escrita de si), completamente necessária em um contexto onde mulheres negras não são ainda lidas como intelectuais e muitos menos filosofas em razão deste silêncio epistêmico ao qual descreve tão bem em seu texto. O diálogo com a tradição do pensamento afrodiaspórico (Du Bois, Fanon) e decolonial (Joaze Bernadino-Costa, Quijano, Boaventura, Mignolo, Walsh, Gomes, etc.) também me parece bastante assertiva para pensar a sua problemática.
    Os seus alunos responderam bem à estas interlocuções? Como é também a sua relação com os seus colegas, concebe que a gestão também se preocupa efetivamente na implementação mais concreta dos currículos para além do “novembrismo”? VocÊ já realizou alguma atividade na escola com essa temática?

    Assina: Marcello Felisberto Morais de Assunção

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  14. Olá Debora, primeiramente lhe parabenizo pelo texto incrível e necessário. Eu, enquanto aluna do mestrado, me entristeço em dizer que tive contato muito recentemente com a leitura de autoras negras, que tem uma relevância tão grande, que me questiono o porquê de nunca terem as colocado na bibliografia obrigatória do curso. É incrível ter levado essas autoras já para a educação básica.
    Gostaria de saber, como você acha que podemos inserir mais leituras de autoras negras no ensino básico? Como você enxerga essa possibilidade, uma vez que muitas vezes os materiais didáticos não tocam nessa temática?

    Gerlane do Nascimento Mendes

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    1. Gerlane, muito obrigada por sua leitura atenta e por sua pergunta. Acredito que o primeiro passo é a gente ler cada vez mais autoras negras e segundo democratizar esse conhecimento por meio da utilização, ao menos de trechos, na sala de aula. Apresentar os conceitos chaves como de "lugar de fala", "racismo estrutural" aos alunos também é um passo importante.

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  15. Mariana Barbosa de Souza27 de maio de 2021 às 14:39

    Prezada, professora Dra. Debora:

    Muito obrigada pela sua contribuição. O meu questionamento é: diante da invisibilidade de mulheres na história e, também em outras áreas do conhecimento, como a filosofia, é possível criarmos estratégias para enfatizar a presença feminina na escrita de temas importantes, como racismo, filosofia, entre outros? Quais caminhos ainda precisamos percorrer para que isso aconteça? Pergunto isso muito por lembrar de uma fala da Conceição Evaristo, na qual enfatiza o fato de somente ter se tornado conhecida do grande público, quando já tinha mais de 60 anos.
    Muito obrigada pelo seu texto, ele é potente e extremamente útil no contexto em que vivemos.

    Mariana Barbosa de Souza assina este comentário.

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    1. Mariana, muito obrigada por sua leitura e questionamento. Você apresentou um ótimo exemplo sobre a escritora negra Conceição Evaristo. Tenho usado a sala de aula como espaço para diminuir a invisibilidade de autoras negras também tenho divulgado algumas delas e seus pensamentos no instagram (@pretanahistoria) acredito no potencial das redes sociais nessa luta contra as diversas discriminações.

      Debora Simões de Souza Mendel

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  16. Boa tarde, Debora!

    Parabéns pelo texto, o título é muito chamativo e impactante também.

    Gostaria de saber que outros autores incluídos no movimento decolonial podem ser usados em sala de aula? Que outras obras e temáticas podem ser abordadas a partir da perspectiva de autores decoloniais?

    Ass: Francisco Lucas Gonçalves dos Reis.

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  17. Professora Dra. Débora Simões, parabéns pelo excelente artigo. É de conhecimento geral o apagamento e silenciamento de mulheres enquanto sujeitos históricos, e que, no caso de mulheres negras, essa invisibilidade torna-se ainda mais violenta. “Não sabia que existiam filósofas negras: os processos de construção da invisibilidade negra?” mostra-nos que essa inviabilização também ocorre quando se pensa em produção de conhecimento, dado que uma parcela significativa de nossa sociedade provavelmente não conseguiria apontar ao menos uma pensadora negra. Diante disso, e considerando que os livros didáticos das instituições de ensino básico contribuem para o apagamento e silenciamento de sujeitos negros, questiono: como trabalhar essa temática em sala de aula? Como os alunos reagiram ao discurso de Sojourner Truth? Quanto aos trabalhos de enfrentamento, como a elaboração de seminários, de que maneira os discentes perceberam, participaram e absorveram o conteúdo trabalhado? Por fim, os alunos tiveram/terão acesso a este trabalho?

    Obrigada.

    Mariana Aparecida Pimentel Galindo assina este comentário.

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  18. Boa Tarde Débora.
    Adorei a discussão que você provocou.

    Sou mulher e negra é só descobri o sentido político isto quando terminei o doutorado. Como você ver o papel da intelectualidade (acadêmicas) feminina negra na atualidade? Como elas podem influenciar politicamente as jovens mulheres negras?

    Andréa Giordanna Araujo da Silva

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    1. Boa tarde Andréa, muito obrigada pela participação. É muito comum, não é um processo fácil descobrir o sentido político de ser mulher e ser negra na nossa sociedade. Acredito, que esse movimento, de entendermos nossas identidades, causam traumas e dores difíceis de curar. Mas também creio que é um processo necessário e fundamental para nossa atuação no mundo, pois a partir dessa primeira percepção a gente desperta para a luta antirracista. O simples fato da gente ler, citar e apresentar a intelectualidade feminina negra tem força para influenciar outras pessoas, principalmente jovens negras. Tento fazer isso no meu instagram @pretanahistoria com objetivo de democratizar o conhecimento, o conhecimento que é acadêmico e militante simultaneamente.

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