Erica da Silva Xavier e Marlene Rosa Cainelli

A ESCRAVIZAÇÃO AFRICANA E AFRO-BRASILEIRA EM LIVROS DIDÁTICOS DE HISTÓRIA: A QUESTÃO DA HISTÓRIA DIFÍCIL

 

Como os livros didáticos se apropriam da historiografia sobre o tema da escravização africana e afro-brasileira ocorrida no Brasil entre os séculos XVI e XIX e se contribuem ou não para pensar o tema a partir da perspectiva da chamada História difícil (VON BORRIES, 2018). Esse é o recorte que optamos neste trabalho para expor algumas questões, ainda em fase inicial da pesquisa de doutorado ligada ao Programa de Pós Graduação em Educação da Universidade Estadual de Londrina. Para fundamentar nossas colocações alguns autores foram fundamentais, como Jorn Rüsen (2015), Bodo Von Borries (2018), Marlene R. Cainelli (2011), Isabel Barca (2000), Allan Choppin (2004) e Daniel Hortêncio Medeiros (2006), entre outros.

 

O livro didático de história pode ser pensado como um objeto cultural que envolve uma teia complexa entre o Estado, que através do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) estabelece critérios por meio de editais para elaboração desse material, o mercado editorial que produz os livros didáticos e a ciência de referência. Os livros didáticos de história sempre foram alvo de vigilância do Estado, estes livros são ferramentas importantes na implementação dos currículos oficiais (e de uma história oficial). Talvez seja este o motivo, que tornam esses livros alvo de vigilância tanto de governos, como da opinião pública. Não raro, assuntos considerados tabus na sociedade são devidamente omitidos, valores, ações morais e julgamentos aparecem ora de forma sútil, ora escancaradas. Segundo Allan Choppin:

 

 “O Livro didático não é um simples espelho: ele modifica a realidade para educar as novas gerações, fornecendo uma imagem deformada, esquematizada, modelada, frequentemente de forma favorável: as ações contrárias à moral são quase sempre punidas exemplarmente; os conflitos sociais, os atos delituosos ou a violência cotidiana são sistematicamente silenciados.” (CHOPPIN, 2004, s/p).

 

Podemos inferir que estes tipos livros, didáticos, apresentam nuances da cultura histórica vigente em seu momento de produção que dão sentidos a história pautada principalmente pela historiografia. Segundo Jörn Rüsen, a cultura histórica pode ser pensada como uma dimensão da memória histórica na vida pública que se traduz em aspectos estéticos, políticos e científicos interagindo entre si e que dão sentido a História. Com esta preocupação, esta pesquisa ocupa-se em pensar as apropriações historiográficas que dão forma as representações sobre a escravização africana e afro-brasileira em livros didáticos de História do ensino fundamental e médio no Brasil e as orientações contidas nos manuais dos professores considerando alguns autores e editoras que permaneceram aprovadas no Programa Nacional do Livro Didático-PNLD no recorte entre 1997 a 2018. Para elaboração do projeto de pesquisa, fizemos um levantamento prévio das fontes de forma a estabelecer quais livros didáticos de história deverão ser analisados. Nosso critério foi estabelecido a partir da observação da permanência de autores e editoras que tiveram aprovação do PNLD entre os anos de 1997 a 2018 com coleções para os anos finais do ensino fundamental e ensino médio, são estes: Claudino Vicentino (Scipione), Alfredo Boulous Jr. (FTD), Renato Mocellin (Brasil), Gilberto Cotrim (Saraiva), Ricardo Queiroz Dreguer (Atual), Nelson e Claudino Pilleti (Ática). A aprovação garantiu pelo menos a circulação destes manuais dentro do mercado para escolha dos professores, alguns destes autores inclusive, se tornaram em determinados períodos preferidos dos professores tendo uma vendagem alta. Ainda falta uma seleção mais acurada desses livros e manuais.

 

Embora, o tema da escravização africana tenha sido abordado em manuais didáticos desde pelo menos finais do século XIX, só recentemente a lei 10.639/03 inseriu, na Lei de Diretrizes e Bases, a obrigatoriedade do ensino da Cultura e História africana e afro-brasileira nos currículos educacionais do sistema público e privado da educação básica. É importante ressaltar, que tal lei se apresenta como uma política de ação afirmativa, com intuito de induzir transformações de ordem cultural, pedagógica e psicológica visando tirar do imaginário coletivo a ideia de supremacia racial e/ou de gênero (GOMES apud ALMEIDA, SANCHES, 2017).

 

As pesquisas realizadas sobre as representações da escravização em livros didáticos de História por Fertig e Martins (2017), apontaram que há perspectivas tradicionais sobre o tema da escravização que circulam nos livros didáticos. Esta historiografia chamada tradicional ligada às obras publicadas entre os anos de 1930 a 1950, aparece mesclada com vertentes marxistas dos anos 1960/70 e/ou com as mais recentes, próximas à história cultural ou nova esquerda inglesa. É importante tentar perceber como a historiografia fundamenta determinadas visões sobre o passado a respeito da escravização africana e afro-brasileira e como estes materiais se relacionam (ou não) com problemas presentes na sociedade brasileira, ligados a questão étnica racial. Nossa hipótese inicial é que os conteúdos dos livros didáticos, pouco se renovam sua historiografia e/ou diversificam as narrativas sobre o tema da escravização. As narrativas presentes nos livros didáticos de história sobre o tema, tão pouco problematizam as diversas formas de violência impostas, o que não contribuem para refletir sobre esse passado evocando uma carga emocional ao pensarmos nas pessoas que foram sequestradas, traficadas, escravizadas retiradas do seu ambiente como é o caso dos africanos, para passar a viver sobre um regime de violência de diversas formas, situação estendida aos seus descendente até o século XIX, com advento da abolição da escravatura. Tal situação, a nosso ver, não contribui para pensarmos no tema da escravização a partir de aspectos da chamada História difícil, não suscitando um aprofundamento sobre a questão.

 

O historiador Bodo Von Borries (2018) apresentou a perspectiva da “Burdening History”, que em sua tradução, significa a História como fardo. No Brasil, o termo foi traduzido como “História difícil”, e se refere a histórias amargas, tristes, traumáticas, pesadas, que muitas vezes são abrandadas ou mesmo ocultadas. Segundo o autor o conceito envolve sentimentos como dano, vergonha, culpa e luto, situações em que coletivamente estas complexidades estão envolvidas. Essas visões de história influenciam na vida prática e precisam ser pensadas no âmbito de reconciliação histórica. A história difícil para este autor, pode se dar em quatro formas interpretativas:

 

“a) História hostis em um sistema de vingança e “rivalidade de sangue” (inimizade herdada), estudos empíricos na cultura da história (autobiografias, romances, entrevistas, narrativas históricas); b) A história dos vencedores e perdição/esquecimento dos perdedores (cinismo do poder); c) A história oculta de perdedores e esperança por uma inversão (heroísmo de recordação); d) Perda da história hostil descartada devido à irrelevância (...) ( que também pode ser considerada como uma noção a-histórica, anti-histórica, um adormecer ou definhamento de um conflito.” (VON BORRIES, 2018, p.33-53).

 

Segundo Maria Auxiliadora Schmidt (2015), no Brasil há uma escassez de temas e debates sobre o que poderia constituir um quadro de referência a chamada História Difícil, as investigações ainda se encontram em fases iniciais. O termo história difícil, foi utilizado pela primeira vez em nosso país pela historiadora Lilia M. Schwarcz e pela antropóloga Heloisa M. Starling. As pesquisadoras definiram segundo seus próprios critérios: Genocídio das populações indígenas; O sistema escravocrata; A Guerra do Paraguai; Canudos; Política do Governo Vargas; Centros clandestinos de violação dos direitos humanos; Massacre do Carandiru. Schmidt acrescentou outros episódios como o massacre do Carandiru e a implantação da lei 10.639/03 que estabeleceu como obrigatória a história da África nos currículos e manuais didáticos.  Não se tem muitas investigações de como os professores lidam com os aspectos difíceis desta história, bem como as questões que envolvem a aprendizagem por partes dos alunos.

 

A abordagem da História difícil envolve principalmente a ideia de que existem várias perspectivas históricas (inclusive concorrentes) a respeito dos acontecimentos narrados sobre o passado. Sem essa noção, a construção do pensamento histórico se restringe a uma visão única da História (nos livros didáticos, apresentadas como História oficial), que podem ser interpretadas por alunos e professores como verdades absolutas. Aqui devemos retomar o debate acerca da neutralidade da história, pois é dessa discussão que surge o conceito de perspectivas históricas em contraposição a ideia da construção de verdades absolutas ligadas principalmente a corrente positivista do século XIX. O entendimento de que não existe neutralidade em história, não quer dizer que no percurso metodológico, não haja objetividade, mas trata-se de admitir que:

 

“O objeto da própria História é carregado de juízo de valor. A escolha das perguntas e respostas, as perguntas acerca da importância causal e os próprios fatos implicam uma avaliação moral. A explicação histórica refere-se se, sempre a um juízo de valor, mas, mesmo assim, é objetiva porque é uma reconstrução de um passado real. Pode se dizer que a explicação histórica é parcial, no sentido em que explica parte da realidade; ela explica a partir de um determinado ponto de vista, e isto é um aspecto genuíno da História, não uma fraqueza metodológica- trata-se de uma ligação não causal, mas lógica a própria compreensão histórica”. (BARCA, 2000, p.68).

Portanto, não se quer dizer que o método histórico não produz verdade, mas uma verdade perspectivada, que pode ser questionada, ampliada, complementada, concorrente, em diversos tempos e espaços.

 

Nesse sentido, a ideia de perspectivas históricas segundo Isabel Barca (2000), produz narrativas ancoradas na evidência e em uma sistematização a partir da plausibilidade e consistência para as explicações históricas. A historiadora assume que:

 

“As explicações são dadas e aceitas como respostas provisórias a uma questão histórica. Este pressuposto não implica que as explicações não possam ser discutidas e avaliadas (...). Os historiadores aplicam normalmente alguns critérios específicos para justificar suas explicações contra outras que concorrem com elas. Esses padrões podem ser usados, ou para distinguir uma explicação histórica produzida na base de um comprometimento com uma perspectiva distanciada por oposição a uma explicação propagandista produzida por interesses práticos, ou para avaliar a adequação, âmbito e poder de explicações concorrentes. Estes critérios para determinar o grau de aceitabilidade de uma explicação podem ser sistematizados como referindo-se a princípios de consistência nas suas várias formas. (...) Podemos relacionar os conceitos de âmbito e poder com os de uma consistência relativa de explicações concorrentes (em termos de evidência e lógica). Uma explicação de maior âmbito e poder, e que possam fundamentadas a luz da evidência disponível, poderá trazer novas e frutuosas perspectivas para uma problemática histórica” (BARCA, 2.000, p. 81-82).

 

Assim, a partir das colocações de Isabel Barca podemos inferir que a ideia de perspectivas da história é própria do fazer histórico na composição das narrativas que se estabelecem no campo historiográfico.

 

O que podemos perceber até o momento, é que os livros didáticos de história apresentam uma versão dos fatos que aspiram a ideia de verdades absolutas, pois possibilitam poucas problemáticas que possam levar seus leitores a se questionarem sobre a multiplicidade das narrativas históricas, sobre as possibilidades de outras interpretações a partir de evidências, tornando os conteúdos substantivos engessados. Quando incorporam novas visões de história e historiografia, muitas vezes usam recursos como boxes, no caso de fontes, em geral aparecem como ilustração de conteúdos. Reitera nossa hipótese, a pesquisa de Daniel Hortencio Medeiros sobre livros didáticos e a consciência histórica, por levantar a impressão que o passado nos livros didáticos de história é sempre estático e prescrito, quando apresenta mais de uma versão dos fatos, raramente cria situações e problematizações que levem os alunos, e porque não dizer professores, ao desenvolvimento e/ou aprofundamento do pensamento histórico. (MEDEIROS, 2006). 

 

A pesquisa de Medeiros sobre os livros didáticos e a formação da consciência histórica, ainda demonstrou uma espécie de ciclo vicioso que se apresenta como uma das explicações possíveis sobre o porquê de os livros apresentarem poucas renovações, recebendo muitas críticas vindas da academia justamente por desconsiderar os avanços na ciência de referência.  A ideia de bom livro para editora está ligada a ideia do livro mais vendido, que por sua vez é escolhido por professores, que preferem os livros mais tradicionais. Segundo o autor:

 

“Conforme declaração da Editora, os professores trabalham com configurações tradicionais de materiais didáticos e não incorporam com facilidade quaisquer novidades. Assim, a determinação da feitura dos materiais se estabelece nesta tensão, entre uma empresa que conhece os avanços da Ciência Histórica e um mercado que se recusa a incorporá-la. Na decisão entre contribuir para melhorar o nível de conhecimento dos professores e garantir a venda de seu material, a empresa não tem dúvida em optar pela segunda opção”. (MEDEIROS, 2006, p.78).

 

A preocupação com livro didático se torna central, uma vez que, como aponta a pesquisa realizada por Marlene Cainelli, muitas vezes o professor utiliza o livro didático como único instrumento de trabalho, pautando sua narrativa e restringindo o pensamento do aluno ao livro, como um exercício memorizador.  Segundo Cainelli:

 

“É compreensível que o professor se sinta seguro ao utilizar um livro didático que ele supostamente avaliou e escolheu, considerando-o como suporte suficiente para sua aula. Entretanto, entendemos que é possível e necessário problematizar a figura do livro, à medida que este ocupa dentro do ambiente escolar o papel de detentor do conhecimento, das informações e da verdade”. (CAINELLI, 2011, p.134)

 

De maneira geral, se por um lado as editoras tem a preocupação em vender, por outro os professores em se manterem seguros com seus materiais didáticos, o que percebemos é que a história escolar (com a contribuição fundamental do livro) se esvazia de sentido para a vida, ou seja, perde sua função principal. Em nossa avaliação, através da experiência e interpretação histórica, a história deveria trazer um senso de orientação entre presente, passado e futuro, agindo na consciência histórica (RÜSEN, 2015). 

 

Por fim, convém salientar que neste recorte, buscamos esboçar alguns aspectos da pesquisa que pretendemos desenvolver. Os próximos passos estão pautados em: Fazer um balanço sobre as referências historiográficas (Bibliográfica) presentes nos manuais; analisar coleções de livros didáticos e manuais para o professor do Ensino Médio e anos finais do ensino fundamental (1997-2018) observando quais vertentes historiográficas estão presentes nos manuais, assim como perceber permanências e mudanças; Identificar se as coleções de livros didáticos tem se apropriado e de que forma, das produções mais recentes sobre a história da escravização africana; perceber se os manuais atuais discutem a questão do racismo e a escravização afro-brasileira evocando noções de presente, passado e perspectivas de futuro a fim de contribuir para a formação da consciência histórica dos sujeitos de forma a combater ideias de superioridade racial estimulando sobretudo a equidade.

 

Referências biográficas

 

Dra. Marlene Rosa Cainelli, doutora em História Social pela Universidade Federal do Paraná. Pesquisadora Senior do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Estadual de Londrina. Investigadora do Centro de Investigação Transdisciplinar Cutlura, Espaço e Memória (CITCEM) da Universidade do Porto, Portugal.

 

Ms. Erica da Silva Xavier, doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Estadual de Londrina. Mestre em História Social pela Universidade Estadual de Londrina. Especialista em História Social e Ensino de História, pela mesma instituição. Formada em História pela Universidade Estadual do Norte do Paraná.

 

Referências bibliográficas

 

ALMEIDA, Marco Antônio Bettine de, SANCHES, Lívia Pisauro. Implementação da Lei 10.639/2003 – competências, habilidades e pesquisas para a transformação social. In: http://www.scielo.br/pdf/pp/v28n1/1980-6248-pp-28-01-00055.pdf .  Acesso em:21 abr.2021.

 

BARCA, Isabel. O pensamento histórico dos jovens: Ideias de adolescentes acerca da provisoriedade da explicação histórica. Centro de Estudos e Psicologia, Instituto de Educação e Psicologia. Universidade do Minho. 1 ed. Braga, 2000.

 

BORRIES, Bodo Von. Jovens e Consciência Histórica. (org) e tradução Maria Auxiliadora Schmidt, Marcelo Fronza, Lucas Peddy Nechi. 1 reedição. Curitiba: W.A. Editores, 2018.

 

CHOPPIN, Allan. História dos livros didáticos e sobre as edições didáticas: sobre o estado da arte. IN: Educação e Pesquisa. V.30 nº. 3 São Paulo, set/dez 2004.

 

CAINELLI, Marlene. Entre continuidades e rupturas: Uma investigação sobre o ensino e aprendizagem da história na transição do quinto para o sexto ano do Ensino Fundamental. In: Educar em Revista. Curitiba, Brasil, n42, Editora UFPR, out/dez/2011, p. 127-139.

 

FERTIG, André, MARTINS, Jefferson Telles. Representações da escravidão nos livros didáticos de História do Brasil. In: https://periodicos.ufsm.br/sociaisehumanas/article/view/759. Acesso em: 15 abr.2021.

 

MEDEIROS, Daniel Hortêncio. Manuais didáticos e formação da consciência histórica. Educar, Curitiba, Especial, p. 73-92, 2006. Editora UFPR.

 

RÜSEN, Jörn Teoria da história: Uma teoria da história como ciência. Rusen; tradução de Estevão C. de Rezende Martins. Curitiba. Editora: UFPR, 2015.

 

____________. Que es la cultura histórica? Reflexiones sobre una nueva manera de abordar la historia. Traduçao de SANCHES COSTA, F, SCHUMACHER, Ib. Original In:FÜSSMANN, K.GRÜTTER H., RÜSEN, J.(Eds) . Historische faszination geschichtskultur heute.. 1994, p. 3-26.

 

SCHMIDT, Maria Auxiliadora. Aprendizagem da “burdening history”: desafios para a educação histórica. Mneme-Revista Humanidades. Caicó, v. 16, n. 36, p. 10-26, jan./jul. 2015. Dossiê Ensino de História.

 

30 comentários:

  1. Bom dia, Erica e Marlene. Parabéns pelo texto!
    Para vocês, como essa questão dos professores que confiam somente nos livros didáticos clássicos, sem analisá-los profundamente antes da escolha, pode ser resolvida nas escolas? E nas escolas particulares, onde o professor não tem outra escolha a não ser seguir as apostilas que não foram escolhidas por eles?

    Ana Paula Sanvido Lara

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    1. Bom dia Ana Paula, agradecemos muito a leitura do nosso texto. Respondendo a primeira questão, ao nosso ver, o livro didático é com certeza um artefato muito importante na educação, pois ele condensa a literatura pedagógica e também, a acadêmica, visto que é embasado em visões sobre a história fundamentadas na historiografia. Com esse viés, a questão central que penso que o professor deva levar em consideração é não ver o livro didático como um suporte da verdade, de como as coisas aconteceram no passado. Temos que ter em mente, que o livro didático seleciona visões sobre a história para compor a narrativa (ou seja, o conteúdo). Assim, o professor deve olhar o didático como uma fonte de informação, cheio de intencionalidades. Um dos principais condicionantes do livro didático é o Programa Nacional do Livro Didático(PNLD), os editais do PNLD ditam as regras as quais as editoras devem seguir para elaboração do material. Quando você me pergunta sobre a análise, eu penso que os professores deveriam estar mais atentos não somente ao livro, mas aos guias, aos editais e aquilo que o próprio governo esta colocando para elaboração desses materiais. Tanto em escolas públicas, como em particulares, ao nosso ver, o ideal é que o professor não torne o livro didático sua única fonte de informação e de trabalho. Para isso, o professor pode preparar aulas que confrontem a visão dos materiais didáticos, que demonstrem ao aluno que o livro didático é uma fonte histórico, secundária, pois demonstra interpretações sobre a história. Alguns materiais são muito bons, e o que é um material bom ao nosso ver? Um material que contemple fontes históricas, que problematizem questões entre presente, passado e seja capaz de criar perspectivas positivas sobre o futuro. Demonstrar que a história é feita de várias perspectivas (obedecendo regras científicas) é de suma importância para o desenvolvimento do pensamento histórico dos alunos, na superação de uma história voltada para memorização, sem relação com a vida do aluno. Em busca dessa aprendizagem é que, como professores, devemos sempre confrontar e questionar os livros didáticos. No caso das escolas particulares, onde existe uma cobrança absurda em torno do uso do material, é interessante, como coloquei, criar projetos e aulas que complementem as visões que os materiais trazem, até porque, os materiais didáticos da rede particular não passam pela aprovação do PNLD, o que pode muitas vezes, interferir na qualidade do livro, inclusive conceitualmente. Já encontramos erros conceituais em livros didáticos voltados para rede particular. É preciso estar atentos em dobro.

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    2. Espero ter contribuído. Se quiser continuar a discussão será um prazer.
      Abraços.

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  2. Bom dia
    Erica da Silva Xavier e Marlene Rosa Cainelli
    Dentro do livro didático há muitos paradigmas ser quebrado, principalmente na construção do ensino. Como fazer para acabar com esse questão? OLEANE AMANCIO DE OLIVEIRA

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    1. Boa tarde Oleane, obrigada pela leitura do nosso trabalho. Não sei se compreendi muito bem sua pergunta, porém penso que a principal ideia a ser descontruída a respeito do livro didático é que este, seja a única fonte de conhecimento de professores e alunos. A ideia do passado histórico enquanto verdade absoluta, é parte do paradigma ligado ao positivismo e deve ser superado.

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  3. De que forma o campo da Educação Histórica pode contribuir para o campo das relações étnico- raciais?
    Luzinete santos da Silva

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    1. Boa tarde Luzinete, agradeço a leitura do nosso texto. Ao nosso ver, a Educação Histórica pode contribuir principalmente na formação do pensamento histórico, na construção de um sentido para história que ultrapasse os limites da história enquanto disciplina escolar. Pensando na questão étnico-racial, precisamos entender que esta faz parte da nossa cultura histórica, que se traduz em aspectos estéticos, politico e cognitivos. A questão do preconceito racial é pautada na História dos africanos e como ao longo do tempo as representações sobre esses foram construídas. Assim, devemos observar, como foi colocado no texto, perspectivas múltiplas sobre o tema, compreender esta história em suas várias nuances e não apenas a que está restrita ao livro didático. A partir do pensamento de Rusen que coloca que a história deve servir de orientação na vida prática e do Bodo Von Borries que traz o conceito de história difícil (ou sobrecarregada), prentendo me aprofundar nas questões étnico-raciais, por hora ainda é difícil responder sua pergunta com base em fontes, pois ainda estou em fase inicial da pesquisa que visa justamente compreender como a Educação Histórica pode contribuir para discussão étnico-racial. Porém, acredito que a formação do pensamento histórico voltado para empatia, alteridade, é o caminho, para isso a metodologia adotada como uso de fontes variadas, versões diversas sobre o mesmo assunto, são metodologias desse campo utilizadas para uma formação que construa uma consciência histórica nos cidadãos pautada no respeito a diversidade cultural e na superação do preconceito racial.

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    2. Espero ter contribuído, fico a disposição para prosseguir no debate.
      Abraços.

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  4. Boa tarde!
    O texto relata que “Conforme declaração da Editora, os professores trabalham com configurações tradicionais de materiais didáticos e não incorporam com facilidade quaisquer novidades.
    Assim sendo, em relação a formação do professor atual, estaria havendo alguma mudança no sentido de formar docentes que busquem compreender a história de forma mais contextualizada? Caso sim, esta mudança poderia estar sendo penalizada, em consequência da nova política adotada pelo Governo Federal?
    Francisco Carlos de Medeiros
    Graduando em Licenciatura em História 3º. Período
    Ceres/UFRN

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    1. Boa tarde Francisco, obrigada pela leitura do nosso texto. Acredito que pelo menos no últimos 30 anos, a forma de se ensinar história tenha mudado bastante, principalmente com contribuição das pesquisas que surgiram no campo do Ensino de História, que também acompanhou os debates propostos no campo historiográfico. Assim, aprender história de forma contextualizada, é aprender história, a meu ver, não há outra forma, pois os documentos, fontes históricas, seja na pesquisa ou em sala de aula, precisam ser compreendidas dentro da sua historicidade, ou seja, do contexto em que foi criada. Sobre a Segunda pergunta, os livros didáticos são sim alvos de censura, isto está na história dos livros didáticos, governos autoritários sempre buscaram controlar a produção didática, e isso se dá principalmente a partir dos editais dos Programas Nacionais dos Livros Didáticos, pois são eles que ditam as regras de como as editoras devem elaborar os manuais. Vou dar um exemplo recente, o PNLD para os anos iniciais e educação infantil, retirou do texto a menção sobre o trabalho a respeito da violência contra a mulher. Você não acha que é uma forma de censura e controle, visto os projetos e ideologias do atual governo? Por isso, enquanto professores devemos sempre entender o livro didático como um material complexo e não torna-lo nossa única fonte de informação sobre a história , não podemos restringir nem o nosso pensamento e nem o dos alunos a narrativa do livro didático. Espero ter contribuído, estou a disposição para prosseguir no debate.
      Abraços.

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  5. Muito interessante sua temática de análise do livro didático a partir da questão da escravidão e da análise da cultura história, ainda mais tendo em conta o contexto de negacionismo em curso. Interessante também o mapeamento tipológico das tradições da historiografia da escravidão que aparecem nos livros didáticos. Muito interessante a noção de “História difícil”, que poderia ser matizada com a noção de “passados que não passam” ao qual certa historiografia tem debatido.
    Você pretende também comparar com produções de outra ordem que tem pretensão “didática” no formato de podcasts, youtube, etc? Penso também aqui sobre a questão da própria visão oficial do bolsonarismo sobre a escravidão (lembre-se da fala do mesmo no Roda Viva e sobre o quilombolas na Hebraica) ou mesmo produções como o Brasil Paralelo (que contou com a presença de diversos ministros do Bolsonaro) em leituras negacionistas sobre a escravidão, vocês têm também interesse em analisar essa produção no âmbio da leitura sobre cultura histórica?

    Ass. Marcello Felisberto Morais de Assunção

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    1. Boa tarde Marcelo, obrigada pela leitura do nosso texto. Sobre os negacionismos, só me pergunto: Que tempos são esses??? Estamos realmente vivendo uma fase muito difícil, que espero que não se demore mais. Agradeço os elogios, será um grande desafio elaborar essa pesquisa. Gostei muito da expressão "passados que não passam", pois é justamente a construção desses passados que necessitam ser revistas e fazer sentido não apenas enquanto pesquisa, mas também na vida prática dos sujeitos, nas suas formas de pensar e agir no presente. Sobre a sua pergunta a respeito de comparações, minha pesquisa está relacionada apenas com os livros didáticos, esse foi o recorte que optamos por fazer, por entender este material como um dos aspectos da cultura histórica, e de uma história oficial, que apresenta narrativas sobre a escravização. Claro, que reconheço que as produções estéticas de outra ordem são fundamentais, mas não será meu foco. Quem sabe em outra pesquisa. Sobre a visão do atual presidente relatada no roda vida, é justamente o que toca minha pesquisa, pois veja, ele se baseia em visões da história que estão ancoradas na historiografia, porém ele usa o discurso histórico para fundamentar seus próprios interesses, quando faz isso, a história (como já nos chamou atenção Marc Ferro), se torna um instrumento de poder. Não é minha intenção analisar esses discursos, mas com certeza me leva a pensar meu próprio objeto. Espero ter contribuído, fico a disposição para prosseguir com o debate.
      Abraços.

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  6. Bom Dia e parabéns pelo texto. Vocês relatam uma citação de Maria Auxiliadora Schmidt (2015), de que no Brasil há uma escassez de temas que poderia se enquadrar no que poderia ser História Difícil, e vocês ainda citam alguns exemplos, Pergunto, se é realmente uma escassez, ou invisibilidade, forçada a cair no esquecimento, pois além dos exemplos citados, temos a "Guerra do Contestado (1912-1916) no Sul do país, a "invenção dos Heróis" e a "fabricação da República", após o Golpe Militar de 1889, a Cabanagem no Pará,Sítio Caldeirão e inúmeros outros eventos que desmistificam a pacífica História do Brasil?

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    1. Boa tarde Aristides, agradeço a leitura do nosso trabalho. A respeito da citação de Schmidt , acredito que quando a autora se refere sobre a escassez de tema, está relacionando a produção de pesquisas na perspectiva da história difícil, entender, essas histórias nessa perspectiva é justamente compreender se houve apagamentos ou invisibilidades. É nesse ponto que a autora se preocupa em dar visibilidade, pois são histórias que contemplam dor, sofrimentos, entre outros sentimentos, os quais a história e os sujeitos precisam lidar. Caso se interesse mais sobre o tema, o texto da Maria Auxiliadora Schmidt citado, está on line. Espero ter contribuído.
      Abraços.

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  7. Bom dia, Erica e Marlene! Primeiramente, parabéns a vocês pelo belíssimo trabalho, e também por ser uma abordagem muito precisa atualmente.
    Bom, o meu questionamento é o seguinte: diante do exposto acima,e assim como também no observado nos dias atuais, a questão da história da escravização africana e brasileira é contada na maioria dos livros didáticos de um modo romantizado como se tudo tivesse ocorrido de maneira fácil e sem resistência, ou seja, a parte de sofrimento e lutas contra a escravização fica omissa. Como nós professores e estudiosos, não só, de história mais de outras áreas, podemos mudar ou até mesmo transformar essa realidade até então, omissa pelo livro didático, e repassar essa questão de uma nova forma para os alunos sem ser a do livro didático e mostrar o contrário do mesmo, levando o nosso alunado a criar suas próprias indagações sobre o assunto?


    Ana Patrícia Mendes dos Santos.

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  8. Boa noite Ana Patrícia, agradeço imensamente a leitura do nosso trabalho e os elogios. Respondendo sua pergunta, acreditamos que o livro didático de história não pode servir como único mediador entre a história e a aprendizagem do aluno. Nesse sentido, acredito que devemos levar nossos alunos a compreender como a história é construída, através de fontes levando-os a perceber que a história pode ser provisória e múltipla. Confrontar narrativas diferentes daquelas presentes nos livros didáticos, que se complementem ou mesmo se oponham, contribui para a formação do pensamento histórico dos alunos. Pensamos, que o livro não deve ser tomado como uma fonte de "verdades sobre o passado", mas compreendido com um espaço onde narrativas sobre a escravização se encontram e se entrelaçam, porém não devem ser a única. Por isso, o trabalho com fontes diversas sobre a escravização que demonstrem aspectos mais aprofundados sobre o tema é uma alternativa que deve sempre ser considerada. Atualmente, temos uma vasta literatura sobre a história da África escrita por historiadores africanos, trata-se de uma história contada pela ótica pós-colonialista, os trabalhos podem ser encontrados nas coleções História Geral da África. Estas coleções estão on line, vale muito a pena a leitura. Espero ter contribuído e fico a disposição para o debate.
    Abraços.

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  9. Boa noite as autoras! Uma questão que noto que os livros didáticos ainda não explicam direito sobre a escravização: As relações familiares. Pois nos EUA foi diferente, onde se importavam escravizados homens e mulheres, para continuarem com filhos aqui e manter a ordem escravista.

    No Brasil, a importação era de escravizados apenas homens, e assim continuou por séculos. Tal informação foi por mim despercebida enquanto estudante do ensino básico. Vocês concordam que é preciso que os livros didáticos expliquem mais esses detalhes antropológicos?

    Alexandre Silveira de Amorim
    Graduando do 6º período em História na UFRPE

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  10. Olá, Erica da Silva Xavier e Marlene Rosa Cainelli!
    Algo que ficou esboçado em minha memória nesta leitura, primeiramente é que, se faz necessário discernir história e passado. Quando vocês falam, sobre história, está dizendo sobre a produção instrumental feita pelo Ofício do Historiador, ou seja, refere-se àquilo que o historiador contou, narrou, interpretou e julgou.

    Já ao falar sobre passado, refere-se ao objeto de estudo a qual o historiador se debruçou. O historiador lida com passado que não existe mais, o que resulta em um problema epistemológico, o historiador não pode remontar o passado na totalidade, tendo em vista que somos inseparáveis de nosso tempo e espaço. Logo, as nossas ideologias, vivências e experiências fazem parte de nossa identidade e oficio.
    A ideia central que ficou em minha memória, é que faz se necessário questionar as fontes (Livros didáticos) para uma melhor compreensão de recortes históricos. Como colocar em (debates) novas fontes, que considerem a africanidade, a história vista de baixo?
    Aguardo ansiosamente por suas respostas e desde já lhes parabenizo pelo excelente texto!

    Fernando Moreira Dos Santos Da Costa.

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    1. Boa tarde Fernando, agradecemos a leitura do nosso trabalho. Com base em historiadores como Peter Lee e Oakshot, entedemos que o passado também é uma construção, porém ligada a memória, como você bem colocou não temos como acessar o passado diretamente, porém as representações que se faz sobre este na memória coletiva, demanda ações, atitudes, que orientam o que Rusen chamou de consciência histórica. A História, como ciência, tende a destruir o passado, no sentido de confrontar memórias com fontes, com base nos procedimentos metodológicos próprios do fazer histórico. Creio que uma forma contundente que vem sendo apresentada para colocar em debate sobre não só a escravização, mas a cultura africana e afro-brasileira esta pautada no pós-colonialismo ou decolonialismo, uma vertente da história que busca ter outros olhares sobre os acontecimentos que não apenas eurocêntrico. Um material muito rico e que tenho buscado como fonte para minha pesquisa são os livros da coleção História Geral da África. Trata-se de pesquisadores africanos contando a história do seu continente a partir de uma riqueza de fontes, arqueológicas, materiais, orais, entre outras. Perceber o olhar daqueles que foram "colonizados", muda o ponto de vista, portanto, muda e amplia nossas concepções não apenas sobre a escravização , mas da história da África como um todo. O tema da escravização, pode ser encontrado no volume V, da coleção. Espero ter contribuído.
      Abraços.

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  11. Prezadas Marlene Cainelli e Erica Xavier,

    É interessante pensar no descompasso entre a produção historiográfica sobre a escravidão no Brasil e sua inserção no livro didático. E o texto apresentado é claro e elucida questões fundamentais relacionadas à problemática. Um ponto importante de reflexão sobre o livro didático é o papel da iconografia. Gostaria que comentassem sobre as iconografias encontradas nos livros e a sua contribuição para a escrita de uma História da Escravidão ensinada.

    Parabéns pelo excelente texto e sucesso na pesquisa,
    Ilana Rocha

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    1. Boa tarde Ilana, agradecemos a leitura do nosso trabalho. Infelizmente não posso me aprofundar na questão da iconografia, visto que não é meu foco de pesquisa. Porém, sabemos o poder das imagens e, no caso da escravização pintores como Debret, Rugendas, certamente marcaram gerações que possuem na memória as representações que estes criaram sobre os africanos escravizados.

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  12. ótimo texto, os livros didáticos restringem a história da África apenas a escravidão, essa abordagem acaba por negligenciar toda produção intelectual e cultural do continente africano. Nesse sentido os livros didáticos deveriam aborda primeiro a cultura africana e só depois escravidão?

    Carlos Eduardo Ferreira Alves.

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    1. Boa tarde Carlos, agradecemos a leitura do nosso trabalho. Como sabemos, grande parte dos livros didáticos de história é baseado numa divisão cronológica e linear da história fundamentada principalmente no modelo francês quadripartite (pré-história, história antiga, história moderna e contemporânea), a questão está mais em como a história africana é representada nos materiais didáticos. Com lei 10.639/03, obrigatoriamente os livros devem privilegiar a história da África em todos os conteúdos e disciplinas, portanto é comum que os africanos apareçam em história antiga, por exemplo, demonstrando os grandes reinos africanos, formas de organização política, etc. Porém, é feito de forma artificial e muitas vezes descontextualizadas ou, por que não dizer embranquecida. Quando os livros tratam de história moderna, por exemplo, as narrativas voltadas para Europa são quase maciças, os povos africanos desaparecerem e vão reaparecer somente com o processo de colonização, nos conteúdos sobre as grandes navegações. Qual tipo de representação criamos sobre os africanos? Sua história parece se perder, o que reforça a nossa lembrança do africano já na condição de escravizado. A escravização é apenas uma parte da história dos africanos, ínfima, perto da riqueza cultural desses povos. O trabalho de conhecimento e valorização da cultura africana deve ser constante, é nosso papel enquanto professores não permitiu que se forme uma visão única sobre os negros, a de escravizados. Para isso, devemos preparar aulas que superem os livros didáticos ou mesmo o confronte, sobre os africanos. Espero ter contribuído.
      Abraços.

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  13. Lhes parabenizo pelo excelente trabalho! Como bem apresentado, os temas considerados difíceis, muitas vezes, são excluídos ou romantizados pelos livros didáticos. Sobre essa História Romantizada que cercam quase todos os assuntos relacionados a história, como um professor pode ministrar um determinado tema sem romantiza-lo? Desde já, agradeço!

    Att.,
    Naiara Silva dos Santos.

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    1. Boa tarde, Naiara agradecemos pela leitura do nosso trabalho. Creio que para superar versões amenizadas ou romantizadas presentes muitas vezes no livro didático, é preciso apresentar outras fontes, confrontar visões sobre os temas, que ultrapassem a ideia de uma história única. Espero ter contribuído.
      Abraços.

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  14. Mariana Barbosa de Souza27 de maio de 2021 às 14:46

    Prezadas Professoras Marlene e Erica:

    Obrigada pela potência do texto de vocês. A minha pergunta é:
    Mesmo diante da aprovação de políticas afirmativas, como é o caso da Lei lei 10.639/03, corremos o risco de sofrer retrocessos no modo como a cultura africana é retratada em livros didáticos? Sei que temos muito que avançar, mas diante do atual governo catastrófico e que possui uma política genocida, é possível afirmar que o trabalho oriundo e conquistado a partir da luta dos movimentos sociais e outras articulações corre o risco de ser extinto?

    Obrigada pela atenção.

    Mariana Barbosa de Souza assina esse comentário.

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  15. Boa tarde Mariana, agradecemos a leitura do nosso trabalho. Penso que são justamente a partir das demandas dos movimentos sociais que as conquistas ocorreram, mas entendo sua questão ao se preocupar com os riscos. Leis e direitos são garantidos a medida que existem uma manutenção vigente, portanto a atuação dos movimentos em assegurar essas conquistas é a única garantia que temos. Ainda precisamos avançar muito no que diz a respeito da reparação histórica, como a política de cotas, a própria lei 10.639/03. Nenhum genocida e sua corja, vai tirar nossa resistência e nossa luta!
    Grande abraço.

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  17. Caras Erica da Silva Xavier e Marlene Rosa Cainelli, parabenizo pelo trabalho e pelas discussões promovidas.
    A política do livro didático no Brasil é sempre foco de debate. O livro é uma representação da política educacional, a impressão do viés educacional adotado pelo Estado. Pensando como Gramsci, um.mecanismo de hegemonia, de construção de um consenso. Pensando desta forma e considerando como a política educacional do Governo Bolsonaro tem considerado o livro didático, questiono: na percepção de vocês, o material pode ser usado como mecanismo atual de silenciamento da cultura afro-brasileira? De que forma, considerando a autonomia doscente, este silenciamento pode ser evitado?

    Atenciosamente,
    Gregory Luis Rolim Rosa

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  18. Hebimael travassos lima;

    A História do Brasil tem suas raízes do outro lado do Atlântico, pois de lá vieram os negros africanos para aqui se tornarem mão-de-obra escrava, mas também trouxeram suas tradições, seus costumes, suas cores. Com isso contribuíram imensamente para a formação cultural e social do povo brasileiro. diante dessa temática importantíssima gostaria de saber se conseguiram descobrir quais fatores dificultam a aceitação a entrada desse tema nos livros didáticos ?

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