Wagner Pereira de Souza

O PROCESSO DE COLONIZAÇÃO X EXTINÇÃO DA IDENTIDADE LINGUÍSTICA EM SOLO BRASILEIRO

  

O presente artigo tem a finalidade de analisar algumas consequências germinadas pelo processo de colonização em solo brasileiro. Entre as diversas consequências, destaca-se a extinção da identidade linguística vivida principalmente pela classe negra. Nesse sentido, este estudo analisa algumas vertentes sobre essa questão. São utilizadas referências webgráficas entre artigos e teses que discutem o assunto. Portanto, através desta análise é subsidiado algumas reflexões no intuito de tornar o assunto mais interventivo.

  

Não é injusto dizer o processo de colonização em quase todas as suas dimensões suprimiu o que tanto os autóctones quanto os escravizados tinham de identidade. Pois na busca pela dominação essas práticas foram exercidas com extrema rudez e afinco afim de que não perpetuassem as raízes daqueles que estavam sendo dominados. Embora o assunto em questão seja amplo, optou-se por um recorte no mesmo para ser trabalhado a vertente no que diz respeito as ocorrências brasileiras. Neste sentido:

 

“Nos moldes como foi planejada pela Coroa portuguesa, a colonização do Brasil exigia enormes recursos econômicos que seriam empregados na montagem dos engenhos, na compra de escravos, de ferramentas e de mudas de cana-de-açúcar para iniciar a produção. Havia ainda a necessidade de transporte do produto e, por fim, sua distribuição no mercado internacional.” (CANCIAN, 2013, p. 08)

 

Logo após a “descoberta”, mais ou menos em 1530 iniciou a tentativa de escravidão indígena que não logrou êxito o que posteriormente levou os portugueses a migrar para a escravidão africana quase trinta anos depois. Sobre essa temática, percebe-se que várias atrocidades foram cometidas na tentativa de silenciar os escravizados e sem dúvidas nesse processo se incluem também as tentativas de extinção linguística. Portanto, pode-se dizer que,

 

“Trazidos ao ambiente colonial, esses escravos eram usualmente separados de seus amigos e familiares para que evitassem qualquer tentativa de fuga. Após serem vendidos a um grande proprietário de terras, os escravos eram utilizados para o trabalho nas grandes monoculturas e recolhidos em uma habitação coletiva conhecida como senzala. Esse tipo de escravo era conhecido como escravo de campo ou escravo de eito e compunha boa parte da população escrava da colônia.” (SOUSA, 2016, p. 03)

 

Vale ressaltar ainda que desde a coleta do africano em seu habitat diversas práticas eram realizadas a fim de que não houvesse interação linguística ente eles. Com essa prática, os traficantes não teriam a seu desfavor alguma possibilidade de motim ou de rebeldia coletiva entre os capturados. Nesse sentido, eram obrigados a fazer esforços acima do que um ser humano pudesse suportar. Sendo assim,

 

“No interior da África, os escravos capturados eram obrigados a andar por quilômetros, às vezes, por dias seguidos, vigiados de perto por homens armados. Nessas caravanas de escravos o sofrimento era muito grande: obrigados a andar em fila, atados uns aos outros pelo limbambo (correntes, ou madeiras, ou ferros que uniam os escravos pelo pescoço), com os pés sangrando, não recebiam alimentação suficiente e eram obrigados a carregar pesos. Tudo isso para aumentar o cansaço e diminuir as chances de rebelião e de fuga. Muitos desses prisioneiros morriam nessa travessia. (TURCI, 2018, p. 05)”

 

Como se percebe, as tentativas de aniquilar e desprover o africano capturado era grande e inevitavelmente, suprimiam qualquer possibilidade de entendimento entre os escravos. Isso germinou em horrendo desfecho amputando de maneira drástica o capturado e suas origens. Dito de outra maneira, sua identidade sofreu ferrenhas mutações retirando deles o direito de ligação com suas origens. Nesse sentido, durante as travessias, além das atrocidades cometidas pelos senhores articulavam meios para que os escravos cometessem crueldades entre eles mesmos. Dessa forma, famintos, fracos e doentes, os escravos não tinham mais nada em que acreditar. O desespero era tanto, que alguns dos cativos aceitavam vigiar e punir seus companheiros de sofrimento em troca de um pouco mais de água. Os rebeldes eram, normalmente, envenenados. Os mortos eram atirados ao mar. (TURCI, 2018)

 

De acordo com o que foi postulado, observa-se que a prática do desentendimento era incitada de maneira a desencorajar qualquer possibilidade de se rebelarem. Logo, de maneira progressiva, sabe-se que as barbaridades continuavam, pois se retirassem a alternativa de se comunicarem seria mais fácil manter a “ordem”. Junto a esses fatores, já em solo brasileiro, outro estágio era realizado afim de promover uma espécie de babel entre eles. Dentre as grandes situações, destaca-se

 

“Um problema que os escravos recém-chegados encontravam era saber se comunicar, principalmente para entender as ordens que recebiam. Os escravos que ainda não sabiam falar o português eram chamados de boçais. Os que já tinham algum conhecimento da língua eram chamados de ladinos. Existiam também os crioulos, que eram os escravos nascidos no Brasil e, portanto, já estavam integrados à cultura local. Assim que chegavam aqui, os escravos perdiam o direito de usar o seu nome africano e de praticar as suas antigas tradições. Eram batizados segundo a fé católica e recebiam nomes portugueses, como João, Joaquim, Maria. Por isso suas origens acabaram sendo apagadas dos registros históricos.” (TURCI, 2017, p. 03)

 

Essas considerações suscitam, entre outras, questões referentes a identidade, pois dele, o negro, era retirada todas as possibilidades possíveis de vínculo com o seu passado, sendo eles obrigados a submeterem a um novo processo que lhes separaria eternamente de seus usos e costumes. Pelo menos, essa, era a intenção dos senhores e feitas todas essas práticas, a inviabilidade de comunicação estava mantida. Cabe salientar, no entanto, que

 

“Para justificar tal ato, os europeus classificaram os africanos como sujeitos sem fé, sem cultura, sem história, sem civilização. É como se os africanos fossem sujeitos a serem civilizados ou domesticados. Os africanos eram considerados infiéis, animais, desalmados e, portanto, suscetíveis de serem tratados de maneira desumana, já que frente aos propósitos europeus, todo aquele que não representa o modelo de homem ideal, era visto como infiel, primitivo, selvagem, impuro.” (PEREIRA, 2015, p. 16)

 

Os apontamentos referidos a esses conceitos deixam explícitos que como parte do processo de colonização, um dos fatores primordiais seria a da perda identitária, uma vez que estavam sendo imersos a uma “nova” modalidade de cultura. Partindo dessas considerações as ações praticadas pelos colonizadores eram justificáveis em virtude de o negro ser considerado como uma “coisa” irrelevante para a sociedade e que mesmo estando debaixo de toda essas atrocidades ser alguém pelo menos digno de recebê-las. Nesse interim,

 

“Os africanos perdem sua identidade histórica, suas referências religiosas, sua ancestralidade, seus laços familiares, suas raízes linguísticas e culturais. Há o desmonte do que é ser negro, africano, ser humano. Ao ver o negro como coisa e tratá-lo assim, o europeu assume uma suposta superioridade sobre o africano, impondo a ele, europeu, o papel de salvador do mundo, justificando que sua presença nos continentes, africano, asiático, americano e oceânico, é na verdade, uma dádiva divina, uma missão, uma predestinação. Como mecanismo de desarticulação dos povos africanos e prevendo a perda total da identidade africana, faz-se a construção de uma nova identidade, agora baseada na cultura europeia, trazendo negros de variadas etnias, grupos linguísticos e regiões diferentes.” (PEREIRA, 2015, p. 17)

 

Sem opções, eram obrigados a se manterem passivos ao novo regime imposto. É correto afirmar que não havia concordância por parte dos escravos ante tal regime e aos que tentassem se opor ao regime recebiam atividades mais densas, inclusive, nas moendas – local onde a cana era moída para extrair o seu caldo – eram comuns acidentes que faziam com que escravos perdessem mãos ou braços. Nas fornalhas e caldeiras – local de cozimento do caldo da cana – as queimaduras eram o acidente mais comum que atingia os escravos. Essa etapa do trabalho era tão dura, que era reservada para os escravos mais rebeldes e fujões. (SILVA, 2018, p. 08)

 

Esse processo tem como característica, entre outras, a aniquilação identitária do colonizado e junto a isso deixar muito evidente que deveria não manter contato direto com seus conterrâneos, pois caso isso ocorresse facilitaria uma possível não aceitação da imposição do regime. Nesse sentido observa-se que uma pessoa sem identidade é alguém fora de si mesmo, pois as raízes, os antepassados é que mantém viva a memória e no caso dos escravos estavam em condições de humanos sem passado. A reflexão sobre identidade permeia diversos aspectos sendo necessário que se cumpra diversas indispensáveis etapas e quando são suprimidas de um ser o deixa como se estivesse vegetando. Por isso,

 

“A identidade humana é um traço característico de cada ser que permite distinguir um indivíduo de outro, um grupo de outros grupos ou ainda uma civilização de outra. Refere-se, de modo específico, às características próprias de cada um, da espécie humana e da sociedade. Ela demarca as semelhanças e diferenças entre os seres humanos, destacando suas características físicas, seu modo de pensar, ser e agir, bem como permite ao sujeito construir e desenvolver os traços da sua própria história. A identidade é algo que marca a cada um de nós, individualmente, e ao mesmo tempo nos diferencia enquanto espécie humana de outras espécies. É um produto de nossa evolução cosmobioantropológica e cultural e se constrói gradativamente por meio das interações sociais.” (MARTINAZZO, 2010, p. 03)

 

Como enfatizado pelo teórico, foi o que os escravos não tinham, uma vez que lhes foram suprimidas essas vertentes. Mais uma vez se vê que o processo de colonização foi muito radical punindo de maneira sumária o colonizado. Junto a isso, inevitavelmente, está deletado a linguagem, pois os escravizados foram obrigados a praticar outro idioma e costumes completamente alheios aos seus. Dessa forma, por mais esforço que fizessem seria insuficiente para manter as origens, já que também, as punições severas eram de desencorajar, disso não há dúvidas.

 

Resumidamente, é impossível falar de identidade, a qual o indivíduo já tem constituída sem falar das raízes, ou seja, as vivências que teve ao longo da vida e essa, possui uma estreita relação com o individual que é a soma das experiências. Somado a isso,

 

“O conceito de identidade refere-se a uma parte mais individual do sujeito social, mas que ainda assim é totalmente dependente do âmbito comum e da convivência social. De forma geral, entende-se por identidade aquilo que se relaciona com o conjunto de entendimentos que uma pessoa possui sobre si mesma e sobre tudo aquilo que lhe é significativo. Esse entendimento é construído a partir de determinadas fontes de significado que são construídas socialmente, como o gênero, nacionalidade ou classe social, e que passam a ser usadas pelos indivíduos como plataforma de construção de sua identidade.” (RODRIGUES, 2016, p. 03)

 

Somado a essa da identidade e aos fatores linguísticos, vê-se que uma significativa parte da história dos africanos em regime escravo no Brasil através do processo de colonização alcançou níveis deploráveis. Considerando a necessidade da Coroa Portuguesa, muitos seres humanos foram submetidos a situações horrendas junto com suas culturas, usos e costumes.

 

De acordo com os resultados apontados nesse estudo, objetivou-se meditar um pouco sobre essas questões que, a partir da nominada colonização impôs um regime sub-humano aos que aqui foram escravizados. Sabe-se que outras formas de “inquisições” foram também praticadas para promover essa separação entre o escravizado e sua cultura, mas que todas elas contribuíram sumariamente para essa perda identitária. Sendo assim,

 

“A escravidão no Brasil, mas não só aqui, mostrou-se uma instituição perversa e cruel, e as suas consequências ainda são sentidas atualmente, mais de 130 anos depois que a Lei Áurea aboliu essa prática no país. A violência e a discriminação que os negros sofrem atualmente são o reflexo direto de um país que se construiu por meio da normalização do preconceito e da violência para com esse grupo. Não obstante, é sempre importante lembrar que, além dos africanos, os indígenas também foram escravizados, aos milhões, pelos portugueses, e que sua escravização também perpetuou preconceitos e violência contra eles.” (SILVA, 2019, p. 01)

 

Cabe salientar, no entanto, que esse estudo procurou debater alguns entornos e consequências da colonização em solo brasileiro, a saber: a perda da identidade linguística que por sua vez acarretou também a extinção de usos e costumes. Viu-se que a identidade é demasiadamente importante para vida do cidadão e que sem ela, o indivíduo para da categoria de humano para “coisa” e foi realmente o que se tornou os escravizados no Brasil.

 

Outrossim, essa análise não tem a finalidade de esgotar as discussões em torno do assunto, mas sim promover uma discussão que seja capaz de acrescentar ao tema. Portanto, sugere-se estudos futuros que venham somar a esse e que possam imergir com mais profundidade da discussão da temática.

 

Referências Biográficas

 

Wagner Pereira de Souza é licenciado em Letras (Português/Literatura) pela Universidade Federal de Rondônia/UNIR; Especialista em Coordenação Pedagógica pela Faculdade Estadual da Lapa/FAEL. Atualmente, professor efetivo de Língua Portuguesa da Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso/SEDUC MT.

 

Referências Bibliográficas

 

CANCIAN, Renato. Economia colonial - Cana e trabalho escravo sustentaram o Brasil colônia, 2013. Disponível em: https://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia-brasil/economia-colonial-cana-e-trabalho-escravo-sustentaram-o-brasil-colonia.htm - acesso em: 21 de mar. de 2021. [Artigo]

 

MARTINAZZO, Celso José. Identidade Humana: Unidade e Diversidade Enquanto Desafios para uma Educação Planetária, 2010. Disponível em: file:///C:/Users/PC/Downloads/460-Texto%20do%20artigo-1759-1-10-20121101.pdf – acesso em: 21 de mar. de 2021. [Artigo]

 

PEREIRA, Neuton Damásio. A trajetória histórica dos negros brasileiros: da escravidão a aplicação da Lei 10639 no espaço escolar, 2015. Disponível em: https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/52792/R%20-%20E%20-%20NEUTON%20DAMASIO%20PEREIRA.pdf?sequence=1&isAllowed=y – acesso em: 21 de mar. de 2021. [Tese de Especialização]

 

RODRIGUES, Lucas de Oliveira. Identidade cultural; Brasil Escola, 2016. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/identidade-cultural.htm - acesso em 22 de mar. de 2021. [Artigo]

 

SILVA, Daniel Neves. Escravidão no Brasil; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/escravidao-no-brasil.htm - acesso em 22 de mar. de 2021. [Artigo]

 

SOUSA, Rainer Gonçalves. Escravidão Africana; Brasil Escola, 2016. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/escravos.htm - acesso em 22 de mar. de 2021. [Artigo]

 

TURCI, Érica. Escravismo no Brasil - A resistência de africanos e descendentes, 2017. Disponível em: https://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia/escravismo-no-brasil-a-resistencia-de-africanos-e-descendentes.htm - aceso em: 22 de mar. de 2021. [Artigo]

 

TURCI, Érica. Tráfico de escravos - Mercadoria humana atravessa o Atlântico, 2018. Disponível em: https://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia/trafico-de-escravos-mercadoria-humana-atravessa-o-atlantico.htm - acesso em: 21 de mar. de 2021. [Artigo]

 

12 comentários:

  1. Olá, Wagner! Primeiramente parabenizo-o pelo estudo! Sou estudante do segundo período de História e achei o seu estudo de extrema relevância no que tange à necessidade de ensinar História, no Brasil, a partir de uma perspectiva decolonial e de desmistificação da colonização como processo de conquistas territoriais, levando em conta toda a violência, opressão e usurpação ocorridas no processo. Nesse sentido, sabendo o quanto o ensino de História no Brasil se dá fora dessa perspectiva, gostaria de saber como se deu a construção do seu processo metodológico e se teve dificuldades no levantamento bibliográfico. Muito obrigada pela partilha.

    Assino: RANNE CASSIA MIRANDA
    Assistente Social e graduanda em História pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro

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  2. Olá, Ranne!
    Sou imensamente grato pelo o seu interesse na temática e também comentar sobre o meu trabalho. Fico feliz também por você estar cursando essa disciplina que mostra nossa trajetória no tempo e no espaço, a História!
    O desenvolvimento do meu trabalho se deu a partir do ângulo da linguagem. Como minha formação é nessa área, aprouve-me buscar uma abordagem em que fosse possível uma conexão com a história, já que o evento é destinado a tal. Porém é importante enfatizar que a História pode ser contada de diversos ângulos a exemplo da transmissão de uma partida de futebol: há várias câmeras apontadas para um mesmo fim que é o jogo, cada uma mostra particularidades do ângulo em que está posicionada, entretanto, são detalhes de uma mesma partida, um mesmo evento, um mesmo acontecimento. Nesse sentido, a conversa da História com a Linguagem se aglutina de maneira eficaz. Sendo assim, não houve dificuldade sobre o levantamento bibliográfico, mas sim, uma etapa de garimpagem com o intuito de apurar o que realmente seria relevante para a produção do artigo.
    Mais uma vez, reitero: muito obrigado pela sua contribuição em meu texto.
    Wagner Pereira de Souza.

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  3. Excelente abordagem em relação à perda de identidade do negro africano enquanto escravo no Brasil, não só linguística, mas em todos os aspectos. Parabéns!

    Maria de Lourdes Souza Lima e Silva.
    Graduada em História pela UFPA.

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  4. Muito obrigado, Lourdes Silva pelo seu comentário! Receber um comentário de uma autoridade nos estudos e ensino de história igual a você é algo muito singular. Felicíssimo pela sua contribuição!!!

    Wagner P. de Souza

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  5. Achei muito interessante a escolha do seu tema, já que desde sempre, nos primeiros anos de ensino é mostrado uma mistificação da colonização em nosso país. Temos por exemplo a "famosa" troca de espelhos por pau Brasil, como se tivesse sido uma coisa pacífico e linda. Então seu artigo mostra que não foi assim e ainda aponta o quanto perdemos da nossa cultura e absorvemos uma grande parte da cultura deles. Parabéns.


    Anna Júllia Santana Marques Ferreira.

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    1. Oi, Anna Júlia!
      Fico feliz por você ter lido meu texto e pelos apontamentos feitos. Isso é de extrema relevância para o aprimoramento da temática e também contribui ampliar nossa visão como estudiosos do assunto.
      Wagner. P. de Souza

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  6. Olá Wagner, parabéns pelo seu texto!
    Você apresenta com maestria a desumanização imposta aos africanos escravizados e aos afro-brasileiros escravizados desde os primórdios da colonização do Brasil. Como se não bastasse a ruptura objetiva causada pela captura, viagem, outra nação e escravização (quebra dos laços familiares e comunitários, alimentação e a falta dela, condições precárias, trabalho extenuante, entre outros) e os fatores subjetivos (negação étnica imposta, proibição do exercício da cultura) que certamente aniquilavam a identidade dessas pessoas e grupos, bem como impunham uma desconstrução enquanto seres sociais. São nos detalhes que se percebem a crueldade imposta à essa população que não tinha o direito de “ser” quem sempre foram e como a questão cultural é importante para qualquer etnia. Temos o exemplo da Revolta dos Malês, que foi uma rebelião contra a imposição do catolicismo para um grupo que tinha sua própria cultura religiosa e dentre um dos fatores do êxito da revolta fora o fato de que conversavam entre si em outro idioma, sem seus proprietários imaginarem o que dialogavam; fato que demonstra a importância da cultura para uma etnia não só como algo a ser passado de geração em geração, mas como referencial de pertencimento a um grupo e identidade social.
    Mais uma vez, parabéns pelo texto!
    Agradecemos, Junior Pleis e Talita Seniuk.

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  7. Muito obrigado, Junior e Talita!
    Os apontamentos de vocês são imprescindíveis para preencher lacunas que por ventura a minha escrita não conseguiu contemplar diretamente, mas que esse processo se dá a semelhança de uma partida de futebol em que todas as câmeras estão apontadas para o mesmo evento, mas captam diferentes particularidades que uma ou outra não consegue captar. Nesse sentido, as contribuições só fortalecem a discussão. Somado a isso, fico muito contente pelas vossas contribuições!

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  8. Olá, Wagner Pereira de Souza!
    Parabéns pelo seu texto.

    Nas suas referências futuras eu gostaria de indicar, se assim você permitir, o livro "Racismo Linguístico: os subterrâneos da linguagem e do racismo" de Gabriel Nascimento que também é de Letras como nós. Indico tal livro pois acredito que os textos dialoguem bastante entre si. Além disso, faço a seguinte pergunta: diante do argumentos apresentados no seu texto no que se refere à perda da identidade, seja essa perda linguística ou cultural, como pensar em ferramentas de resgate de tal perda?

    Abraços!

    Flavio de Souza - UERJ - Rio de Janeiro

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  9. Olá, Flávio!
    Muito agradecido por você ter lido meu texto, fique certo que suas contribuições são de extrema relevância. Reconheço que a temática que desenvolvi foi baseada quase só em cima de artigos, nesse caso, com certeza, aglutinar a teoria de um livro junto acrescentará muita propriedade para o estudo. Sobre o seu questionamento, entendo que essa subtração tanto linguística quanto cultural, uma precede a outra, pois a cultura se manifesta através da linguagem, quer seja verbal ou não. Nesse sentido uma vez aniquilada a linguagem, já sepultou também a cultura, pois isso obrigará o indivíduo a se reinventar e criar outras práticas alheias às de sua cultura. Penso também que, não é possível produzir um resgate, mas sim, seria possível falar em uma manutenção afim de que as mesmas atrocidades vividas naquele contexto sejam extintas e que sirvam apenas de referencial (reflexão) para se formatar outras perspectivas que delineiem outros caminhos. Ainda hoje, há outros tipos de atrocidades postas de maneira mascaradas, implícitas, que permeiam esse assunto. Por isso, há a necessidade de se debater cada vez o tema para em uma pluralidade de olhares seja observadas desde pequenas até grandes lacunas que possam ser tapadas afim de se minimizar esse abismo discriminatório velado que existe em nosso país!

    Wagner P. de Souza

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  10. Boa noite, excelente texto. Gostaria de saber, se na sua opinião a cultura africana deveria ser mais estudada e aparecer mais nos livros didáticos escolares, de todas as séries. Para que assim o conhecimento sobre África, seus costumes, religião, crença e linguagem não se perdessem, essa cultura que faz parte até hoje da cultura brasileira, como feijoada e a capoeira, mas nos conhecemos uma África pela visão do europeu, se a África fosse escrita por africanos teríamos mais noção do quão grande foi e é esse continente, para o Brasil.
    PS: Lucas Gomes de Lima

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  11. Olá, Lucas!
    Muito pertinente os seus apontamentos. Primeiramente, quero agradecer pelo o seu interesse na temática e ter lido meu texto. Eu também vejo por essa mesma ótica, pois de certa forma, ainda há muito preconceito implícito pelo fato de não vir nos livros didáticos essa abordagem que contempla as dimensões africanas. Vejo sim que, é necessário que mais informações e conteúdos se façam presentes nos livros didáticos em todas as séries e não somente em algumas e ainda de forma muito panorâmica!

    Wagner Pereira de Souza

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